Prezados leitores do Blog Além do Mate, tenho acompanhado através da mídia, os últimos acontecimentos no Acampamento Farroupilha da nossa cidade, com diversas opiniões, algumas de apoio e outras de repúdio ao tradicionalismo local. Portanto venho trazer alguns esclarecimentos em relação à importância do trabalho feito pelos nossos CTGs dentro de Alvorada como forma de inclusão social.

O que é inclusão social? Inclusão social é o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela classe social, educação, idade, deficiência, sexualidade, preconceito social ou preconceitos raciais. Inclusão social é oferecer, aos mais necessitados, oportunidades de acesso a bens e serviços dentro de um sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais favorecidos no sistema meritocrático vigente na sociedade.

Vamos saber como surgiu o Movimento Tradicionalista Gaúcho. A história do Movimento Tradicionalista Gaúcho pode ser contada a partir de vários momentos. Alguns reconhecem como ponto de partida a fundação do Grêmio Gaúcho, por Cezimbra Jacques, em 1889. Outros, a ronda gaúcha, no Colégio Julio de Castilhos, de 1947. Ainda há quem defenda como marco inicial a fundação do 35 CTG, em abril de 1948 ou a realização do 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, em 1954, ou, ainda, a constituição do Conselho Coordenador, em 1959. Tenho comigo que, seja qual for o ponto de partida, o importante é que, em 1966, durante o 12º Congresso Tradicionalista Gaúcho realizado em Tramandaí, foi decidido organizar a associação de entidades tradicionalistas constituídas, dando-lhe o nome de Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MTG.

Assim é que, desde 28 de outubro de 1966, a Instituição se tornou conhecida como MTG. Muitas pessoas contribuíram para que o MTG se tornasse uma organização reconhecida e respeitada. Nas atividades diárias, nos congressos e convenções, nos eventos de âmbito estadual, nos debates sobre a história, música, folclore, cavalgadas, fandangos, jovens, família, valores, princípios, crenças e tudo o mais que fascina os tradicionalistas, destacaram-se figuras importantes do movimento, tais como Manoelito de Ornellas, Glaucus Saraiva, Hugo da Cunha Alves, Guilherme Schults Filho, Gerciliano Alves de Oliveira, Ieno Severo, Vasco Mello Leiria, Cyro Dutra Ferreira, Helio Moro Mariante, Luiz Carlos Barbosa Lessa, João Carlos Paixão Cortes, Wilmar Winck de Souza, Lilian Argentina e Edson Otto entre tantos.

No ano de 2016, comemoraremos cinco décadas de uma entidade que está entre as maiores da sociedade brasileira. São quase 1700 entidades juridicamente constituídas e quase um milhão de associados. Um fabuloso exército de pessoas que acreditam nas mesmas coisas e se dedicam aos mesmos fazeres culturais.

O MTG é um orgulho do Rio Grande do Sul, não só pela estrutura que possui no Estado, mas pela dimensão mundial que tomou. No Brasil temos oito federações e uma Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha. No exterior há mais de 20 núcleos em que a cultura, a história e os costumes do Rio Grande são vivenciados diariamente. A Confederação Internacional da Tradição Gaúcha reúne Brasil, Argentina e Uruguai na mesma ideia de preservação da cultura gauchesca.

Entidades Tradicionalistas perpetuam boas ações de inclusão social em seus trabalhos por todo o Estado do Rio Grande do Sul

Este movimento é uma organização sem fins lucrativos, desenvolvido através de voluntários amantes do tradicionalismo e da cultura gaúcha e teve seu início quando oito jovens estudantes do Colégio Julio de Castilhos, de Porto Alegre – o Julinho – ( Antonio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Cilço Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge Degrazzia, Cyro Dutra Ferreira e João Carlos Paixão Côrtes ) oriundos do meio rural e de todas as classes sociais, liderados por Paixão Côrtes, criam um Departamento de Tradições Gaúchas com a finalidade de preservar as tradições gaúchas, mas também de desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando no contexto da cultura brasileira.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), através de prendas e peões dos CTGs de todo Rio Grande do Sul, desenvolve atividades voltadas às diversas formas de inclusão social.

De lá para cá diversas entidades se filiaram ao MTG, o qual através dos seus Congressos Tradicionalistas, realizados na segunda quinzena de janeiro, direciona todas as atividades possíveis de serem realizadas e organiza o calendário de eventos que serão realizados durante o ano.

Nestes congressos são votados os temas anuais que deverão ser trabalhados por cada Entidade Tradicionalista, por suas prendas e seus peões e todo quadro de associados. No ano de 2006, um dos temas escolhidos foi a inclusão social, através do qual foram desenvolvidas palestras, mostras, dinâmicas e interação com Casas Assistenciais.

Dos trabalhos que são realizados em suas comunidades por todos os CTGs do estado ou fora dele podem-se destacar palestras com assistentes sociais, psicólogos, coordenadores municipais de saúde e cidadania, professores e educadores especializados na área; atividades realizadas dentro das Entidades Tradicionalistas com escolas municipais e estaduais, asilos, Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cededica), cooperativas, Acampamento Farroupilha… onde todos os Departamentos das Entidades Tradicionalista se engajam nesta causa.

Nestes eventos as prendas e peões procuram envolver estas pessoas que vivem em situação diferenciada das suas, em uma das diretrizes pregadas pelo tradicionalismo: “promover no seio do povo uma retomada de consciência dos valores morais do gaúcho”, conforme declara um dos papéis mais importantes do Movimento, a Carta de Princípios, escrita por Glaucus Saraiva e aprovada no Congresso Tradicionalista de 1961.

Durante o mês de setembro a Chama Crioula percorre todos os rincões de nosso estado através das Rondas Crioulas que acontecem nos CTGs e Acampamentos Farroupilhas carregando este sentimento, refletindo vontades coletivas e individuais.

Que poder é este, fascinante, envolvente, apaixonante, que nos faz trabalhar, abdicar de nossas vontades pessoais, profissionais, e até mesmo familiares, levando a uma dedicação que transcende nosso entendimento? É algo que nos une, fortalece, nos aponta um caminhar único, uma só direção.

A cada mate, cevado e compartilhado, temos a oportunidade de refletir sobre nossa sociedade, nossas ações, o que realmente estamos contribuindo ou simplesmente ficamos a exigir, cobrar e não indicarmos novos rumos, novos caminhos, somente preocupados com interesses pessoais, de pequenos grupos.

Por isso, a cada ano, setembro chega para revigoramos estas posições, para refletirmos, para quem sabe recomeçarmos, para entendermos o motivo pelo qual festejamos o 20 de Setembro.