Não importa se a região Metropolitana é a de Porto Alegre, São Paulo ou Recife a batalha para chegar aos locais de trabalho é a mesma para 20% dos moradores de regiões Metropolitanas do país: ônibus lotados, engarrafamentos e pelo menos uma hora para chegar ao destino.
O dado foi fivulgado ontem (24) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo indica que a situação vem piorando, uma vez que 20 anos antes os trabalhadores das regiões metropolitanas que enfrentavam esse tipo de situação correspondiam a 14,6%.
Considerando o conjunto de trabalhadores brasileiros, 10% levam mais de uma hora nesse trajeto e 65,9% gastam menos de meia hora.
Em razão do tamanho e da complexidade dos sistemas de mobilidade urbana, o Rio de Janeiro (24,7%) e São Paulo (23,5%) apresentam os maiores percentuais de trabalhadores que perdem mais tempo no percurso.
Na região metropolitana do Rio, gasta-se em média 47 minutos e na de São Paulo, 45,6 minutos.
Segundo o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Carlos Henrique Carvalho, essa é uma situação que tem impacto negativo na produtividade dessa parcela da população.
“Não se pode esperar que a produtividade [desses trabalhadores] seja igual à de um que leva menos de 30 minutos, por exemplo, para chegar ao trabalho. Isso traz fortes impactos do ponto de vista social e também econômico, já que a produtividade é comprometida em razão do desgaste que esse trabalhador tem ao levar muito tempo e em condições muitas vezes desfavoráveis de transporte”, disse.
De acordo com o levantamento do Ipea, na outra ponta do ranking aparece Porto Alegre, que é a cidade onde os trabalhadores gastam, em média, menos tempo no trajeto entre a casa e o trabalho: 30 minutos.
Apesar de Porto Alegre ter apresentado um índice favorável à pesquisa quem mora nas cidades do entorno da Capital dos gaúchos também enfrenta trânsito intenso e congestionamentos que podem, em alguns casos ultrapassar os 60 minutos. No conjunto das regiões metropolitanas, os trabalhadores passaram a gastar 40,8 minutos em 2012. Vinte anos antes, despendiam 36,4 minutos.
De acordo com o estudo, esse aumento de aproximadamente 12% no período foi três vezes maior que o observado nas regiões não metropolitanas, onde o tempo gasto passou de 22,7 minutos para 23,6 minutos (elevação de 4,2%). O documento também traz dados relativos à área rural, onde, diante do trânsito menos intenso e das menores distâncias percorridas, a maioria dos trabalhadores também gasta até 30 minutos (76,2%) para chegar ao local de trabalho.
Para inverter a tendência de piora da mobilidade urbana, e garantir um sistema mais confiável, confortável e com menos perda de tempo, Carlos Henrique Carvalho defende que os governos devem criar incentivos para distribuir melhor pelo território as atividades econômicas e, consequentemente os empregos, além de priorizar os investimentos em transporte público.
“Não é o que temos visto no país, onde houve congelamento do preço da gasolina e, diante de crises, redução dos tributos para aquisição de veículos novos. Não se pode criar barreiras para aquisição de veículo individual, mas devemos seguir o padrão europeu, em que todos têm [esse bem], mas as políticas incentivam o seu uso racional, seja por meio de cobrança de estacionamento ou de pedágio urbano, além de investimentos na expansão das redes de transporte público e dos corredores de ônibus exclusivos.
Ele também destacou que, pela primeira vez, o número de famílias brasileiras com pelo menos um automóvel ou uma motocicleta ultrapassou a marca de 50%. Em 2012, a proporção chegou a 54%, 9 pontos percentuais a mais do que em 2008, quando 45% dos lares tinham um veículo particular. A tendência, segundo o comunicado, é que o número aumente ainda mais nos próximos anos.
Fonte: O Alvoradense / Com informações Agência Brasil