Educação em debate na Praça Central

Estrutura montada na praça João Goulart, a 48, recebeu autoridades, professores, alunos e comunidade para repensar a realidade escolar | Foto: CCS / Divulgação

De terça à sexta-feira desta semana, Alvorada serviu como palco para que professores,alunos, pedagogos e autoridades internacionais propusessem formas de transformação do ambiente escolar. O 1º Seminário Internacional de Educação e Sociedade recebeu ao longo de quatro dias, milhares de educadores que se dividiram entre palestras e mesas de debate sobre a área.

Alfredo Pena-Vega abriu o evento na noite de terça-feira, dia 22. A ventania que atingiu à cidade naquela noite fez a palestra encerrar mais cedo e ele voltou à praça na manhã de quarta-feira para dar prosseguimento. O sociólogo francês elogiou o seminário, mas se mostrou preocupado em como levar as teorias debatidas durante os quatro dias em mudanças práticas no cotidiano das escolas. “Como se vai capitalizar aquilo que se ouviu durante uma semana? Como criar dessas recomendações um projeto que vá para dentro da escola para gerar uma transformação? Isso é um desafio muito grande. Estou muito curioso para saber o que eles vão fazer, porque não é fácil de você ouvir durante uma semana diferentes pontos de vistas, depois você capitanear aquilo e transformá-lo em um projeto pedagógico. É muita ousadia”, avaliou Pena-Vega.

O evento, realizado em parceria com a Ufrgs, trouxe para a cidade nomes como o do italiano Aléssio Surian, e dos espanhóis José Antonio Caride Gomez e Jurjo Torres Santomé. Os brasileiros Adriano Nogueira, Andréa Fetzner, Claudio Dusik, José Vicente Tavares, Mário Sérgio Vasconcelos, Margarete Forster, Nalu Farenzena e Sandra Monteiro Lemos também participaram das atividades.

Pena-Vega propôs ainda que Alvorada assuma papel de destaque à frente da América do Sul sobre as mudanças que a educação pública necessita. “Disse ao prefeito: prefeito, vocês têm países vizinhos que não estão muito longe, como Uruguai, Argentina e Chile. Vocês deveriam ser uma plataforma para pensar a Educação no Sul. Vamos olhar uma nova educação pública com um olhar do Sul. Acho que isso aqui [o seminário] pode ser um ponto de partida.
Tomara que seja”, contou, animado, o sociólogo.

O prefeito Professor Serginho se mostrou otimista com o resultado do seminário para a rede municipal e se comprometeu a acatar o conselho de Pena-Vega “dentro das limitações da cidade”.

Ex-ministra vê atraso global na Educação

Ana Benavente durante palestra no Seminário de Educação | Foto: CCS / Divulgação / OA
Ana Benavente durante palestra no Seminário de Educação | Foto: CCS / Divulgação / OA

Dedicada à repensar a instituição escolar em palestras e eventos pelo mundo, Ana Benavente, ex-ministra da Educação de Portugal, foi uma das convidadas
internacionais que participaram do seminário.

Para ela, o evento foi uma oportunidade para que os profissionais da área possam refletir sobre as mudanças necessárias na educação. “Considero estes momentos de reflexão, onde nos deslocamos do cotidiano em que estamos mergulhados sobre a nossa prática, para pensar a escola que temos e a que queremos”, avaliou Benavente em entrevista a’O Alvoradense.

“SE HÁ UM PONTO COMUM, É QUE TODOS ESTAMOS MUITO ATRASADOS EM SERMOS CAPAZES DE RECONSTRUIR A INSTITUIÇÃO ESCOLAR.”

ANA BENAVENTE, EX-MINISTRA DA EDUCAÇÃO DE PORTUGAL

Ela também pondera que o desafio de transformação da escola não é exclusividade do Brasil. “Conheço várias países do mundo e sei que há mais pontos comuns do que diferenças quando se trata de democratizar o conhecimento. Todos estamos muito atrasados em sermos capazes de reconstruir a instituição escolar”, considera a especialista, que avalia o atual modelo de ensino como atraso e insuficiente para suprir as necessidades de um mundo globalizado:

“Nós continuamos a viver em uma escola demasiadamente uniforme, expositiva e tradicionalista, com modo de avaliação centrado em exames. Uma escola que
não serve à Educação para todos, que não ser para a cultura e o conhecimento que são necessários a um mundo cada vez mais cheio de incertezas”, pontuou.

Fonte: O Alvoradense