Quando iniciou o Projeto Girassóis, em 2012, Gisa Rodrigues estava realizando um sonho que parecia distante até então, o de ajudar as pessoas. Moradora da rua México, no bairro Passo do Feijó, desde os três anos de idade, chegou junto com a emancipação e viu o crescimento da cidade e da vizinhança. Mas, cada vez mais lhe incomodava a dificuldade por que passavam tantas pessoas.
Incentivada pela vizinha e confidente Francelina Pires Gonçalves, a Dona França, dedicou aquele primeiro ano de trabalho à amiga. “Ela sempre ouvia as minhas ideias e me apoiava a seguir em frente, até que tive coragem e iniciei”. Mas a boa e velha companheira não pode comemorar o sucesso de Gisa. No decorrer do ano Dona França deixou a rua México mais silenciosa e triste pela sua ausência. Mesmo assim seu nome foi lembrado por todos na festa de final de ano, quando os vizinhos se reuniram para confraternizar e homenageá-la.
O Projeto Girassóis consiste em uma rede de colaboradores e apoiadores, a maioria deles vizinhos de Gisa, que ajudam famílias carentes das mais diversas formas. São cestas básicas, roupas, móveis e brinquedos. Tudo o que é arrecadado ganha um toque de carinho com a limpeza e conserto, sendo encaminhado também a famílias de outros municípios. “As solicitações nos chegam através de pessoas conhecidas e, quando possível, ajudamos.”
Mas a grande característica do Projeto Girassóis é a Festa de Natal, que acontece no meio da rua México a cada ano, sendo uma grande confraternização entre todos que participam durante o ano, inclusive algumas famílias beneficiadas.
Além das filhas Talindiara e Taihnara, ela ainda conta com a ajuda de Alaídes Pires Gonçalves, Iara Gonçalves Ribeiro, Verena Van Groll e Guido e Elisabete Nunes. “São eles que me sustentam e, sem a opinião de todos, não tomo nenhuma atitude”, assim ela define seu grupo de apoiadores.
Temporal
Este ano foi difícil para o Girassóis. Além da calamidade que se abateu sobre a cidade com as cheias e a crise econômica, antes disso, ainda em 2014, no dia 20 de dezembro um temporal acabou com boa parte do material do projeto.
Foi durante a festa de confraternização e a casa de Gisa foi a única danificada em toda a rua. O telhado foi destruído e ela perdeu móveis, alimentos e roupas. Não só dela e das filhas, mas também muita coisa que seria encaminhada para doação. “Tivemos que começar de novo”, recorda.
Como resultado de um ano não muito bom, em 2015 não acontece a tradicional Festa de Natal, mas ela insiste em realizar a entrega de alimentos. Para isso, iniciou a Campanha de Cestas Básicas entre os colaboradores e apoiadores.
Para março já está organizando a Domingueira Girassóis. Uma festa com cobrança de ingressos, cuja renda será revertida para a compra de uma máquina de costura para o Projeto e alimentos.
Mas o grande plano para o futuro, outro sonho que Gisa acalanta, é ter mais espaço para poder ampliar os trabalhos dessa gente que brilha “como um raio de sol”.
Fonte: Mariú Delanhese / O Alvoradense