Cantoria à beira do dito cujo amor
dizer te amo
medra a boca
treme os cílios
parece
vampiro
quando seca o
sangue

e só fica
a jugular pronta
pro corte
dizer te amo
quando moco
o outro ouvido

parece
naufrágio
num pote de mel

Joelma Bittencourt

*

Amo o que posso
O que encaixa
feito luva à caixa de ossos
Amo o que cabe
na essência interior.
O que sobra, deixo voar.
Lázara Papandrea

*

ama melhor
e talvez seja mais feliz
quem não corre atrás
de reciprocidade

amar
é mais profícuo
que ser amado

Beatriz Lourenço

*

Desencontro

Pela estrada, busco o caminho,
na incógnita de meu paradeiro,
te busco nas estrelas que falam
nas terras que fertilizam,
nos mares que ondulam sonhos,
nos ares onde voam quimeras.

A saudade deixou vincos profundos,
a ausência, sentimentos de não mais ver.
Continuo trilhando a estrada do possível
encontro entre dois amantes sem rumo.

Talvez, um dia sem tempo
Sob o signo do a-m-o-r
desbravaremos terras, mares e ares,
transformando a utopia na certeza do nunca mais

Themis Groisman Lopes
*
para você
beijo bem soletrado
enquanto chove


as estrelas mais doces
são do céu da sua boca.

Lisa Koe

*
Faço poemas no meu silêncio
O eco das palavras só existe
Em meu olhar ou dentro de um beijo.
Lisa Koe
*
Predileção

Outrora devaneio
Desejo despertado por inteiro
Derramo meus olhos

Dor dilacerante
Há de domar o pensamento
Indomável é o sentimento
Derramo meus olhos

Doravante
Declinado o amor

Tentação
Atração
Sedução
Sede
Cedo

Serei_o

Silvia Maria Ribeiro

*

fazer-te amado
despidas pressa, promessas
regras
me sabes inteira quando teus braços
traço abrigo
somos no agora infinitos
sinto
no peito que escuta calado barulho
nas mãos que afagam marcas no antes escuro
no colo que embala menina cansada de ser mulher
fazer-te amado
teu lado pedaço
juntado
encontras o meu…

Flavia D’Angelo
*
Colhi um beijo na chuva
Pus no vaso
Virou flor

Cristina Siqueira

*

…então me traduza
como se fosse música
sons antes de palavras
pausas prolongadas
dedilhar

em graves e agudos
em si
eu lá menor

Cristina Siqueira

*

ENLACE (I)

Não mais tremerão meus lábios
No desejo e sede dos teus.
Serei a sede
e tu, o rio.

Quando o rei sol
for namorar outros olhares
e a lua

voluptuosamente
iluminar os contornos da noite,
não mais serei um só:
seremos um,
espinho e flor a exalar perfumes
pelos canteiros e sonhos do mundo.

Não temerei tempestades
e não temerás o frio.
Serei o elo
e tu, a corrente.

Quando a loucura humana
superar a insensatez
e explodir em danças e chuvas
na relva e nas ruas,
serei semente
e tu serás terra
e de tuas árvores nascerão os frutos.

Seremos só um,
néctar e vinho
a fazer a festa da vida,
sem culpas.

Aquecer-me-ei na chama invisível
dos teus olhos
e serás meu sorriso mais doce.

Meus braços serão teus braços
e com teus pés andarei minhas estradas.

Serei teu corpo
e serás meu corpo.

Não mais seremos sós!
Seremos todos: ontem, hoje e amanhã;
pais, filhos, netos, amigos e avós
a povoar a solidão,
a refulgir matizes de esperança.

Seremos um só:
livro e palavras
a fazer a história do mundo.

E não temeremos o tempo:
seremos o côncavo e o convexo
a passear nas estrelas.

Antonio Torres

*

___ MISSA PROFANA PARA O TEU CORPO PRESENTE ____

Exponho meu poema
Aos teus olhos
Com a mesma ânsia que meus encantos
E meus sonhos,
Tontos,
Trafegam nos teus cabelos
E na fornalha dos teus amores;

Exponho meu poema
Às tuas ventas
Com a mesma loucura que meus espasmos
E meus delírios,
Pasmos,
Pulsam nas tuas pétalas
E na audácia dos teus perfumes;

Exponho meu poema
Aos teus seios
Com a mesma fartura que meus anseios
E meus bocados,
Cheios,
Sugam tuas auréolas rosadas
E a substância das tuas delícias;

Exponho meu poema
À tua boca
Com a mesma vertigem que meus palatos
E minhas salivas,
Fartos, mastigam com seus marfins caninos
O agridoce dos nossos sabores;

Exponho meu poema
Às tuas pernas
Com o mesmo arrocho dos meus quadris
E meus braços,
Viris,
Para que elas se façam em abraços
Na lasciva dos nossos gestos criativos;

Exponho meu poema
À tua língua
Com a mesma carícia dos meus petrechos
E meus desejos,
Roxos,
Rijos tal órgão de macho em liturgia,
Para que ela o receba com a mesma fome
Das mil gargantas que habitam a minha Poesia.

(Exponho o meu poema à tua Alma
Para que a boca da tua alma o cante
E, seduzida pela minha vontade calma,
Tua alma pela minha alma se encante).

Exponho minha vida à tua vida
Nesse lírico festim da gula
Para que, faminta,
Tua Vida a minha Vida engula.

Wander Porto

*
Ecos do sonho
***
Eram só um
Sonho
Na matrix sonhados

Riam do espelho
Mal se sabiam amados
Eram só um eco

Na caverna da existência
Sonâmbulos no próprio sonho
Eram o amor em essência

Eram só um sonho
Que entre versos
Despertavam

Elke Lubitz

*

namoramos
debaixo de viadutos
em estacionamentos ermos
em quebradas à tarde
nos escondemos do mundo
amor sagrado
secreto
de outra vida
e ainda que tarde
o reencontro
dou a ele o que nunca dei a ninguém
compartilho o que já havia desistido de compartilhar
ele chega, e nem diz vem
eu me abro toda
e toda rua sabe
ouve
quando nós dois
transbordamos juntos
gritos rubros de prazer.
Jô Diniz
*

Sépala

Das coisas que penso
corpo falo fala
palavra imersa
há um não lugar
para todas as coisas
e um continente
que espera por suas mãos
a agitar-lhe os guizos.

Adri Aleixo

*

Móbile

despir minúcias
ouvir lonjuras
pender o chão.

Adri Aleixo

*

Perché ti amo ancora Donna

se existe beleza no abraço transitório
que o tempo e seu desvelo nos envolva
será está hora inexistente que a ternura
e a leveza dos corpos que resplandeceram…

Perché ti amo ancora Donna

sussura a palavra que a escrita dispersa
sopro de universo se expande neste quarto
paredes são dimensões espelhos auroras
refletem despidas verdades e juras
fronteiras suores fundindo-se e o céu… o céu… o céu…
emergindo embaixo em cima sob lençóis e gozos

Perché ti amo ancora Donna

e se flores perfumes velas odores
fluírem permanentemente ou mínimo instante
um rio cuja correnteza arrastou nossos atados corpos
retalhos possibilidades em busca de si e além

Perché ti amo ancora Donna

no melhor momento na pior hora no claro
escuro ermo oco que nos surpreende
implacável semente chuvas prosaicas transposições
estamos deitados tateando areias cabelos restos
do que une do que separa do que permanece
sepultura da última luz que converge
ponto primordial do percurso
abrigo nos poros nus da pele língua e fungos
fábula ardente do verbo eternamente
eis-me cristal esculpido no presságio dos encontros
perpassando odes luminosidades imperceptíveis
eis-nos aqui para entrega o fulgor a tempestade

valei-nos amor

Perché ti amo ancora Donna.

Jose Couto

Viídeos poemas com o mestre do amor Vinícius de Moraes

Minha Namorada

Para Viver Um Grande Amor