As quase 300 pessoas que moravam no Loteamento Morumby há um ano foram retiradas do local na manhã desta terça-feira. A liminar foi concedida em 13 de setembro de 2011 e mantida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
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Os moradores, em sua maioria pessoas de baixa renda, foram retirados do local de forma pacífica. Foram disponibilizados caminhões para que as famílias pudessem carregar seus pertences. Aqueles que têm para onde ir tiveram seus móveis levados para as residências de parentes, no entanto, os que não conseguiram local para ficar terão seus móveis alojados em um depósito da prefeitura.
Esse é o caso de Tiago Solari, de 28 anos. Com esposa e quatro crianças, sendo a mais jovem de sete meses de idade, ele não tem para onde ir. Desempregado e morador do local há pouco menos de um ano ele afirma estar desesperado com o descaso das autoridades que não apresentaram nenhum tipo de alternativa aos moradores.
Para o tenente-coronel Florivaldo Pereira Damasceno, chefe do Comando de Policiamento Metropolitano, o poder público deveria prever e evitar determinadas situações e, segundo ele, esta é uma delas. “Era necessário que as autoridades agissem para evitar situações semelhantes e cumprir a constituição que garante acesso à moradia digna para todas as pessoas”, afirmou. Em seus 33 anos de Policia Militar ele afirma estar sensibilizado com a situação.
Outra dificuldade que as famílias enfrentam com a desapropriação é a situação das crianças. Parte das mais de 90 famílias que moravam no loteamento tem como única fonte de renda o beneficio Bolsa Família concedido pelo Governo Federal. Com a desapropriação algumas crianças serão obrigadas a deixar de freqüentar a escola por dificuldades de deslocamento. É o caso dos 12 netos da senhora Eva Maria Rodrigues. A família de 16 pessoas vai se mudar para o Bairro São Pedro e elas não sabem como irão manter as crianças frequentando as aulas no Érico Veríssimo.
No mesmo loteamento, outras 230 famílias que convivem em um terreno público podem ter que deixar suas casas nos próximos três meses. A prefeitura conseguiu uma liminar que dá um prazo de 90 dias para que os moradores providenciem suas mudanças.
Fonte: Amanda Fernandes / O Alvoradense