No misterioso e vasto campo do folclore gaúcho, uma figura aterrorizante e intrigante emerge das sombras: a Bruxa. Desde tempos imemoriais, essa lenda perdura, semeando medo e fascínio entre os habitantes do Rio Grande do Sul. Conta-se que a sétima filha mulher de um casal nasce predestinada à bruxaria, a menos que seja salva por um batismo especial pela irmã mais velha. Assim como o Lobisomem, a Bruxa possui um lado sombrio, mas é sua malevolência que a distingue: ela se deleita em causar o mal e encontra prazer nisso.
As vítimas dessa figura maligna são sempre as mais vulneráveis: crianças inocentes, pequenos animais e lavouras em crescimento. Incapaz de afetar adultos, animais robustos ou plantas maduras, a Bruxa usa seu poderoso “olho grande” para lançar suas maldições. Bichos embruxados definham e morrem misteriosamente, enquanto lavouras murcham sem explicação aparente. Mas é nas crianças que seu poder se revela mais cruel: uma vez embruxadas, começam a definhar visivelmente. Ficam amareladas, minguam perante os olhos e, quando despidas de suas fraldas, cruzam seus bracinhos e perninhas em um gesto trágico que prenuncia seu destino fatídico, a menos que ajuda chegue a tempo.
Essa narrativa envolvente da Bruxa não é apenas uma história para arrepiar os cabelos, mas um lembrete vivo da fragilidade humana diante de forças além da compreensão. A cada relato, ela ressurge, adaptando-se aos tempos modernos sem perder sua capacidade de evocar temor e cautela. É um convite para explorar os mistérios ocultos do Rio Grande do Sul e um lembrete de que, em meio às vastas planícies e bosques, o perigo pode se esconder sob a sombra de uma lenda.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.