Gaúcho Pachola sempre foi um homem de muitas facetas, assim como a própria palavra que o define. Para quem conhece o pampa e as tradições gaúchas, “pachola” pode significar várias coisas: orgulhoso, despachado, tranquilo. E Gaúcho Pachola é tudo isso e mais um pouco.
No entardecer das coxilhas, com o céu tingido em tons de laranja e o vento minuano soprando suave, Pachola senta-se ao lado do fogo de chão, o mate na mão, um olhar que atravessa as distâncias do pampa e vai além. Seu semblante sereno revela um homem que sabe a importância de ser calmo diante das tempestades, mas que também conhece o valor de defender aquilo que é seu com unhas e dentes.
Pachola é o tipo de gaúcho que atravessa as estâncias com o peito estufado, demonstrando orgulho não apenas das suas raízes, mas também do próprio chão onde pisa. Para ele, ser orgulhoso não é vaidade, é honra. É a certeza de que a simplicidade do campo, a lida diária com o gado e a incerteza do clima constrói um caráter firme e destemido.
Quando chega o momento de uma prosa, Pachola se revela despachado, dono de um riso fácil e de um vocabulário recheado de expressões locais. Sabe o que dizer e quando dizer, é sempre um conselheiro de palavras curtas e certeiras. Conhecido por sua inteligência prática, é o primeiro a solucionar problemas sem alarde, usando mais a sabedoria adquirida com o tempo do que qualquer teimosia ou bravata.
Mas não se engane. O mesmo Pachola, que parece tão sereno diante do braseiro, é um homem de ação quando precisa ser. Nas cavalgadas com os companheiros, ele é o que avança sem hesitar, mas sem jamais se perder na pressa. É um líder que inspira confiança, sem precisar erguer a voz ou impor sua vontade. A calma, nesse caso, é uma força que os outros sentem e respeitam.
O Gaúcho Pachola também é conhecido pela sua tranquilidade quase lendária. Enquanto outros se inquietam e se perdem nas preocupações, ele permanece impassível, como se estivesse sintonizado com o ritmo do campo, onde tudo tem seu tempo certo. Quando os dias difíceis chegam, ele ensina: “Temporais vêm e vão, mas quem planta com cuidado e espera com paciência sempre colhe”.
Por isso, quando alguém passa pela região e pergunta por Pachola, recebe olhares que refletem respeito e admiração. Ele é uma lenda viva, a personificação de um gaúcho que carrega consigo os valores da tradição, mas que sabe que ser pachola é mais do que um estado de espírito: é um jeito de viver. Uma mistura de força, sabedoria e, acima de tudo, um amor profundo pelas coisas simples, que realmente importam no final do dia.
Pachola, afinal, não é só um apelido ou uma característica. É um modo de ver o mundo, uma filosofia que, mesmo silenciosa, se faz ouvir pelo campo e pelo coração de todos que têm o privilégio de conhecê-lo.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.