Bueno, vivente! Pra entender a tal da Guerra Guaranítica, temos que olhar lá pros pagos do século XVIII, mais precisamente entre os anos de 1753 a 1756, quando o Rio Grande ainda era mais campo que povoado, e os espanhóis e portugueses andavam se enroscando nas fronteiras.
Pois o que deu furdunço mesmo foi o tal Tratado de Madri, que mandou trocar uns pedaços de terra entre Espanha e Portugal. E nessa dança das cadeiras, as Missões Jesuíticas, ali pelos lados do rio Uruguai, iam ter que mudar de dono. O problema é que ninguém perguntou pros índios guaranis, que moravam por lá fazia tempo e que não queriam saber de largar o pago.
Essas reduções jesuíticas eram das maiores da América do Sul. Tinham de tudo: igreja, escola, lavoura, gado, música e até teatro. Um verdadeiro povoado campeiro, mas com alma guarani. Os padres jesuítas ensinaram os índios a lidar com a terra, o couro, a erva-mate e a fé — era uma parceria que funcionava, até os reis da Europa resolverem meter o bedelho.
Aí, tchê, quando os guaranis disseram que não iam sair dali, começou o entrevero. Vieram tropas de portugueses e espanhóis, unidas na mesma peleia, pra expulsar os índios das terras. Os guaranis, liderados pelo Sepé Tiaraju, não se entregaram fácil. Sepé ficou na história como um verdadeiro herói das missões, e seu grito de “Esta terra tem dono!” ecoa até hoje no coração missioneiro.
Mas a força era desproporcional. Depois de muito derramamento de sangue, as sete missões a oeste do Uruguai foram destruídas. Casarões viraram ruínas, e muito conhecimento e cultura guarani foram perdidos nos rastros da guerra. O Rio Grande, que já era palco de tantas disputas, sofreu mais uma ferida.
O povo ficou sem rumo, os jesuítas foram expulsos, e os índios, dispersados pelos rincões. O estrago foi grande, mas a memória ficou. Até hoje, nos galpões e nas rodas de mate, se conta a bravura de Sepé e a injustiça que foi feita com os guaranis.

Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.