Nos campos vastos e ondulantes do Rio Grande do Sul, onde o horizonte se estende até onde os olhos podem ver, há uma lenda que permeia cada fio de grama e cada folha de árvore: A Lenda da Erva-Mate. Esta história antiga, enraizada nas tradições e na alma do povo gaúcho, é mais do que uma narrativa; é um testemunho da relação sagrada entre o homem e a terra.
Diz a lenda que muito antes das primeiras estâncias serem erguidas e das porteiras se abrirem para o gado, os antigos habitantes das terras gaúchas foram agraciados com a descoberta de uma planta especial. Uma planta que crescia nas sombras das árvores centenárias e que guardava em suas folhas o segredo da vitalidade e da união. Era a erva-mate, cujas origens se entrelaçam com a própria história da região.
Segundo os contos transmitidos de geração em geração, os antigos guaranis, sábios da floresta, foram os primeiros a desvendar os segredos da erva-mate. Eles a consideravam um presente dos deuses, uma dádiva que fortalecia o corpo e a mente, uma fonte de energia que fluía como um rio vigoroso.
Com o tempo, a tradição da erva-mate se entranhou na cultura gaúcha, tornando-se uma parte essencial da vida cotidiana. Nas estâncias e fazendas, nas casas simples e nos centros urbanos, o chimarrão tornou-se o símbolo máximo da hospitalidade e da camaradagem. Reunidos em roda, os gaúchos compartilham a cuia, passando-a de mão em mão, compartilhando não apenas a bebida, mas também histórias, risadas e momentos de conexão profunda.
A Lenda da Erva-Mate também fala sobre respeito pela natureza e gratidão pelas suas dádivas. Os gaúchos aprenderam a colher a erva com reverência, a respeitar os ciclos da terra e a valorizar cada gota de água que irriga os campos verdejantes.
Hoje, A Lenda da Erva-Mate vive nos corações dos gaúchos, inspirando-os a preservar as tradições ancestrais e a proteger a natureza que os rodeia. É uma história que continua a ser contada em cada rodada de chimarrão, em cada verso de uma canção gaúcha, em cada gesto de hospitalidade e generosidade.
Assim, A Lenda da Erva-Mate permanece como um lembrete poderoso da conexão indissolúvel entre o homem e a terra, entre o passado e o presente, entre o indivíduo e a comunidade. E enquanto o chimarrão continuar a ser compartilhado, A Lenda da Erva-Mate continuará a tecer sua magia entre os campos e os corações do Rio Grande do Sul.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.