O lançamento do livro de contos “A Língua da Medusa”, que marca a estreia da escritora Gabriela Leal, acontece neste sábado (23), na Livraria Baleia, rua Cel. Fernando Machado, 85, Centro de Porto Alegre, a partir das 16h.
Além da sessão de autógrafos, a autora participa de um bate-papo com as escritoras Julia Dantas e Caroline Joanello. Nas palavras de Natália Borges Polesso, que assina o texto da orelha: “Gabriela nos propõe um olhar medusas, sem medo de que, ao nos reconhecermos refletidas em algum detalhe íntimo, sejamos petrificadas. Ao contrário, ao nos reconhecermos em alguma fresta, ela nos pede desejosa que metamos a língua para melhor abrigar gostos inéditos”. O livro já está em pré-venda nos sites da Livraria Baleia e da Editora Zouk.
Gabriela em Alvorada
Nascida em 1990 em Porto Alegre, a escritora Gabriela Leal chegou, ainda muito pequena, ao Jardim Algarve com a família. Através da mãe Adélia Milani, que junto à comunidade passou a lutar por melhorias, a menina e o bairro se formaram e cresceram juntos, em busca da possibilidade de fazer um mundo melhor.
“Acompanhei o trabalho de minha mãe e dos vizinhos em transformar um espaço abandonado em praça, com todos limpando o mato, fazendo o calçamento, instalando brinquedos…”. Mas este foi o primeiro passo, depois disso presenciou famílias buscando a regularização fundiária, transporte digno, saindo cedo para o trabalho, muitas vezes deixando os filhos em casa por falta de creche.
Gabriela considera que esta realidade a incentivou a ver o mundo e, principalmente, a ler sobre o que via; e foi crescendo a vontade de conhecer este mundo e falar sobre ele. Em casa ouvia MPB com o pai, o que lhe abriu caminhos para a poesia e linguagem. Na Escola São Marcos, onde estudou, teve acesso à literatura infantil e juvenil de qualidade e contou com o incentivo de professoras e atividades extraclasse, como Concursos de Oratória, “tudo auxiliou na minha formação como escritora”, avalia.
“Quando percebi minha facilidade com as palavras, decidi que esta seria minha ferramenta de luta, a partir de minha experiência pessoal”. Começou escrevendo pequenos contos para o jornal do bairro e cursou Letras na UFRGS. Depois de formada e já com filhos, voltou a escrever contos. E agora, atuando como Analista Judiciário no Tribunal Regional do Trabalho e ministrando aulas de português e literatura como voluntária, está lançando “A Língua da Medusa”.
A obra apresenta ao leitor contos, todos eles sobre mulheres que passam por um processo de transição. O nome surgiu do mito da Medusa que, amaldiçoada pela deusa Athena, transforma em pedra todos com quem cruzar o olhar. “Contudo os olhos me parecem sempre relacionados a personagens com comportamento passivo, enquanto a língua é toda manifestação”. Assim, a intenção é ir além da maldição, percebendo o que é possível realizar com a palavra, com a experiência dos sabores, das novas sensações. “A cada geração não somos mais as mesmas, estamos avançando como mulheres, exercendo nossas potencialidades de maneira livre e segura. Sem medo”.