Nas sombras das noites enluaradas de Porto Alegre, um conto de mistério e terror captura a imaginação dos que se aventuram pelas ruas antigas da cidade. A lenda da “Noiva de Branco” é como um fio tênue que conecta o passado sombrio aos dias atuais, um testemunho silencioso das tragédias que assombram o imaginário popular.
Dizem que ela era uma jovem de rara beleza, cujo sorriso era tão radiante quanto a luz do sol que filtrava pelas folhas das figueiras nas praças. Em seus olhos, dançava a esperança de uma vida plena ao lado do seu amado, cujo nome era sussurrado com reverência entre os moradores da cidade. O dia de seu casamento deveria ser o ápice de sua felicidade, o momento em que promessas seriam seladas sob o olhar atento dos céus.
Contudo, o destino, muitas vezes cruel em sua imprevisibilidade, traçou um caminho diferente para a jovem noiva. As versões da lenda se entrelaçam como fios de uma tapeçaria antiga, cada uma oferecendo uma explicação para a tragédia que se abateu sobre ela. Uns afirmam que a carruagem que a transportava para a igreja perdeu o controle nas íngremes ladeiras da cidade, levando consigo a vida que mal começava. O estrondo dos destroços ainda ecoa nas vielas estreitas, ecoando como um lamento eterno.
Outros contam uma história mais sombria, onde o ciúme ardente de um pretendente rejeitado se transformou em uma trama macabra de paixão e desespero. Sob o manto branco que deveria simbolizar pureza e felicidade, esconde-se um segredo tão obscuro quanto as sombras que dançam nas ruas à meia-noite. As paredes frias de antigos casarões parecem murmurar segredos há muito enterrados, onde a verdade se mistura com o mito, tecendo um véu de mistério sobre a história da noiva perdida.
E assim, a “Noiva de Branco” caminha entre os vivos e os mortos, uma aparição fugaz que desafia o tempo e a razão. Seu vestido de linho branco brilha à luz da lua, um farol de lembrança que guia os curiosos e os supersticiosos pelas encruzilhadas da cidade. Em cada esquina escura, ela é lembrada como um símbolo de amor interrompido, de promessas nunca cumpridas, de uma vida ceifada antes de florescer plenamente.
Porto Alegre, com sua história rica e suas ruas antigas, abraça a lenda da “Noiva de Branco” como parte indelével de seu patrimônio de mistérios. Nos corações dos que ouvem sua história sussurrada pelo vento sulista, ela permanece viva, um fantasma gentil que tece a teia de sua presença etérea entre o mundo dos vivos e o além.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.