Ação do Governo do Estado dificulta a volta às aulas

Segue a polêmica sobre o retorno das atividades da Educação Infantil (creches)

Está definido por Decreto Estadual que as aulas presenciais na Educação Infantil e parte das séries iniciais do Ensino Médio retornam assim que o Estado deixar a bandeira preta. Contudo, o governador Eduardo Leite mudou as regras do Distanciamento Controlado com a criação de uma “trava” para o retorno à bandeira vermelha ou laranja: a salvaguarda dos leitos de UTI.

Trata-se de um cálculo com o número total de leitos livres de UTI dividido pelos ocupados pela Covid em todo o Estado. Se o resultado for igual ou menor que 0,35, segue em bandeira preta. Assim, ainda que o número de leitos aumente, é difícil chegar ao estipulado pela chamada salvaguarda.

Segundo o protocolo anterior, sem a salvaguarda, a região de Porto Alegre, a qual Alvorada pertence, estaria em bandeira vermelha desde 13 de abril, pois a ocupação de leitos baixou de 90%, chegando a 86,6%.

Esta semana o RS completou 13 meses desde a suspensão das aulas presenciais, em março de 2020. Os mais prejudicados, afirmam os especialistas, são justamente as crianças da Educação Infantil (creches e escolinhas) e séries iniciais. O primeiro grupo por necessitar do espaço para que os pais possam trabalhar, e o segundo pelas dificuldades em assimilar os primeiros contatos com a educação de forma remota.

Entrevistada pelo jornal O Alvoradense, Laura de Andrade, delegada do Sindicreches / Alvorada, presidente da Associação dos Dirigentes das Escolas Privadas de Educação Infantil de Alvorada (Adepeia) e proprietária de duas escolas no município, confirma que o governador, ainda que afirme estar trabalhando para isso, não quer o retorno das aulas presenciais. Sua grande preocupação é justamente com as crianças mais carentes, cujas famílias não tem condições de manter os filhos em casa com segurança ou não possuem estrutura adequada para as aulas online.

“Tem aumentado o número de “cuida-se de crianças”, “mães crecheiras”, casas e apartamentos cheios de crianças pois famílias que trabalham não tem alternativas e precisam das escolas infantis principalmente. Crianças pobres continuam sem aula, sem computador, sem celular, sem internet, sem merenda e, pior, muitos ficam  pelas ruas”.

Laura ressalta que somente os alunos de escolas privadas tem o privilégio de um pouco mais de qualidade nas aulas, “pois os alunos das públicas não estão sendo assistidos sistematicamente, tendo em vista os desafios gigantescos da pobreza que já enfrentam”. Desta forma, segue Laura, a desigualdade social fica ainda mais evidente, ”se já era grande, agora transcende a um abismo”.

Há 110 evidências científicas comprovadas de que o que acontece com essas crianças é um massacre social, emocional e interacional que não será recuperado.