A chuva que cai no Estado há dois dias sem parar começa a causar transtornos em Alvorada.
Apesar do Arroio Feijó ainda não ter transbordado, moradores das regiões mais baixas do bairro Americana, na zona Norte da cidade, estão com ruas e casas alagadas.
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Nitibaldo Seibert, de 62 anos, está apreensivo com a situação na rua Vasco da Gama. “Moro na parte de cima da rua, mas meus dois filhos estão bem aqui na ponta. A água subiu muito de ontem para hoje”, compara ele, ao olhar para a região de alagamento, que aumenta a cada instante.
Na Anita Garibaldi a situação é ainda mais crítica. Vivaldi Cunha, morador da área onde a água já tomou por completo a rua, levantou móveis e eletrodomésticos do chão na manhã deste domingo. “Estamos em uma banheira. As ruas dos lados são mais altas e pavimentadas, o que faz a água represar dentro das nossas casas”, explica, ao revelar já ter presenciado mais de quarenta enchentes.
Vivaldi cria 40 animais em um terreno próximo a sua casa. Os porcos e vacas devem ser retirados do local nas próximas horas. “Levo para um hotel de animais em Porto Alegre”, explica. Entre hospedagem e o transporte para levar os bichos, os gastos superam os mil reais.
De frente para o Arroio Feijó, Dirceu da Silva, de 59 anos, também vive seu drama. A água já entrou em uma das casas do terreno, onde moram ele e seu padrasto, um cadeirante de 74 anos que, após dois AVCs, passa os dias em cima da cama.
“Troco as fraldas, alimento e dou remédios. Faça tudo por ele”, conta Dirceu, que se diz desgostoso com a rotina de enchentes que ano a ano insiste em levar o pouco que tem. “Até ia fazer uma reforma, mas não tem como. Não quero mais saber disso”, desabafa.
Entre os três moradores, que não se conhecem e vivem em regiões diferentes do bairro, há uma certeza: A água vai subir ainda mais.
Nitibaldo, Vivaldi e Dirceu viveram o mesmo drama no ano passado, quando o bairro ficou submerso por duas semanas, deixando toda a região sem água e luz por dias. “Foi a maior em 20 anos”, garante Nitibaldo.
Vivaldi lembra que a água subiu quase meio metro. “Transitar por aqui só com o barco que meus vizinhos possuem já para situações assim”, conta.
Para Dirceu, além das perdas materiais e dos transtornos em ficar 45 dias na casa de parentes, a situação do padrasto agravou sua realidade naquele ano. “O Corpo de Bombeiros tirou ele de barco, em cima de uma cadeira de rodas, quando a água já estava há um metro de altura”, lembra.
Até o momento nenhuma família foi desalojada, mas a situação é monitorada pela prefeitura. A previsão indica mais chuva ao longo do domingo em Alvorada, contudo, é o acumulado dos rios que preocupa. Chove com ainda mais intensidade na região da Serra, o que faz dos rios que cortam Alvorada encherem a cada momento. Experiente, Vivaldi explica: “Depois que para de chover ainda é preciso três dias para a água começar a baixar”.
Fonte: Jonathas Costa / O Alvoradense