Alvorada é alvo de nova operação de combate ao crime organizado

Desta vez a Polícia Civil realizou prisões principalmente no interior do Estado

Foto: Leandro Reis / Polícia Civil / Divulgação / OA

A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (02) a Operação Fim da Linha, com objetivo de combater os crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, comércio ilegal de armas de fogo e contrabando de cigarros.

Foram cumpridos 35 mandados de prisão preventiva e 73 mandados de busca e apreensão nas cidades de Alvorada, Campo Bom, Estância Velha, Ijuí, Novo Hamburgo, Panambi, Passo Fundo, Pelotas, Soledade e Vacaria, além do bloqueio de 62 contas bancárias.

Foram apreendidas drogas, seis armas de fogo, 200 munições, veículos, cerca de R$ 25 mil, celulares, cigarros, drogas, balanças de precisão e outros objetos para investigação.

Até o final da manhã haviam sido presas 25 pessoas, sendo 21 preventivamente e quatro em flagrante por tráfico de drogas.

A operação foi comandada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas de Passo Fundo (Draco), da 6ª Delegacia de Polícia Regional do Interior (6ª DPRI),

Investigação

As investigações iniciaram em abril de 2021 a partir de informações que apontavam que indivíduos, já conhecidos da Polícia de Passo Fundo, como lideranças que haviam sido “batizados por facção criminosa” vinda da Região Metropolitana de Porto Alegre e que estabeleceram relação “comercial” e territorial tanto em Passo Fundo como Região Norte do Estado.

Neste período de investigações foi apreendida pela Draco uma carga de cerca de 328.800 cigarros contrabandeados, avaliados em R$ 50 mil. Como a venda de cigarros possui pouca lucratividade em comparação às drogas e, em contrapartida, menor punibilidade, a prática é adotada como meio de fomento financeiro das organizações criminosas.

Também foram detidos pela Draco em Passo Fundo dois homens vindos da Região Metropolitana, que semanalmente cobravam o percentual do lucro devido às lideranças da organização criminosa. Nesta ocasião foram aprendidos, além do veículo em que estavam, cerca de R$ 24 mil em espécie, que estavam escondidos em um compartimento secreto no painel do carro.

Através de provas técnicas a investigação conseguiu mapear toda uma organização criminosa com células nas demais cidades.

Organização Criminosa

O alto escalão da organização criminosa coordena as operações ilegais do interior de estabelecimentos penitenciários do Estado, como a Cadeia Pública de Porto Alegre, a Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, a Penitenciária Modulada de Ijuí e o Presídio Regional de Passo Fundo.

As lideranças, tanto as encarceradas, com as de atuação local, deliberam sobre retaliações a ações policiais ou acerto de contas com “facções” concorrentes o que eleva a escalada da violência, já que chacinas e execuções são comuns.

Os outros membros da organização criminosa hierarquicamente abaixo das lideranças, são distribuídos em funções como distribuidores, gerentes, vendedores, coletores de dinheiros, contadores e funções operacionais.

O líder na célula de Passo Fundo possui antecedentes por tráfico de drogas (local) em duas ocasiões e uma por tráfico internacional de drogas. Foi alvo de investigação pela Draco em 2019 e, após cerca de dois anos teve crescimento patrimonial, mesmo em prisão domiciliar. Além disso, vêm transformando o dinheiro ilícito em negócios aparentemente lícitos, como restaurantes, lanchonetes, imóveis, quadra de futebol society, em uma clássica operação de lavagem de dinheiro, porém, com o detalhe de que a maiorias dos imóveis de sua propriedade sequer possuem matrículas e/ou escrituras pública, já que foram construídos em área invadida da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).

Segundo as investigações, um dos métodos de crescimento territorial da organização criminosa é “tomar cidades” e eliminar a concorrência, captando os traficantes locais para integrarem a organização criminosa, ou, caso haja resistência, eliminando-os e colocando membros da facção para assumir os pontos de vendas de drogas.

Apoio

A operação contou com apoio aéreo do helicóptero da Polícia Civil e teve participação da Brigada Militar, da Polícia Rodoviária Federal, da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), e das Delegacias de Polícia Regionais do Interior (DPRIs) de Passo Fundo, Palmeira das Missões, Carazinho, Ijuí, Vacaria, São Leopoldo, Gravataí, Soledade e Pelotas, totalizando aproximadamente 320 agentes de segurança, sendo 280 policiais civis.