Os aspectos culturais do gaúcho se assemelham ao que aconteceu no restante do país, mas possuem algumas características específicas. Essa cultura é resultado da mistura do indígena, do negro e do colonizador europeu, com destaque para italianos e alemães.
No pampa, o gaúcho era um cavaleiro munido de laço e boleadeira. Nômade, trabalhava em fazendas de gado. Usava calças largas chamadas bombachas, que ficavam presas a botas de couro. No pescoço, um lenço para suportar o frio e, em torno do corpo, um poncho, também com a mesma finalidade.
A vida nas estâncias era dura, mas marcada por uma independência única, forjada pelas distâncias e pelo isolamento das planícies. As rodas de mate ao redor do fogo de chão, as histórias contadas sob o luar e as modas de viola cantadas ao som do vento formavam o cotidiano desse personagem. O gaúcho não era apenas um trabalhador; ele simbolizava um modo de vida repleto de liberdade, respeito pela natureza e espírito de comunidade.
A relação com a terra era visceral. Cada amanhecer no pampa trazia consigo um novo desafio, e a paisagem infinita do horizonte marcava o caráter de quem ali vivia. O convívio com o gado e com o cavalo, este último visto quase como uma extensão de seu próprio corpo, criava uma conexão profunda com os ciclos naturais, dando origem a tradições que se perpetuam até hoje.
O chimarrão, por exemplo, é mais do que uma bebida: é um símbolo de hospitalidade e um convite à conversa. É passado de mão em mão, fortalecendo os laços de amizade e solidariedade. Outro costume típico é a comida feita na brasa. O churrasco gaúcho não é apenas uma refeição, mas um ritual que reúne amigos e familiares, celebrando a partilha e a confraternização.
Nas festas e rodeios, o gaúcho exibe suas habilidades de montaria e doma, herança dos tempos em que era necessário mostrar destreza para lidar com os animais selvagens. As danças tradicionais, como o fandango e a vanera, também refletem essa fusão cultural, com ritmos que mesclam elementos indígenas, africanos e europeus.
Hoje, mesmo com as mudanças trazidas pela modernidade, o gaúcho ainda preserva com orgulho suas raízes. As tradições, a vestimenta e o linguajar são mantidos vivos pelas gerações mais novas, que veem nessas práticas não apenas um legado, mas uma identidade. Afinal, ser gaúcho é carregar consigo uma história de coragem, resistência e amor pela terra.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.
