O carreteiro de charque tem suas raízes no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul. Surgiu como uma adaptação do arroz com charque, prato tradicional dos tropeiros e carreteiros, que eram responsáveis pelo transporte de mercadorias em longas viagens pelos campos gaúchos.
Esses trabalhadores precisavam de uma alimentação prática, durável e nutritiva, já que ficavam dias longe de casa e não tinham como preservar alimentos frescos. O charque (carne bovina salgada e seca) era uma ótima solução, pois sua durabilidade era essencial para resistir às condições das viagens. Misturá-lo ao arroz oferecia uma combinação completa de carboidratos e proteínas que sustentava o corpo durante o trabalho árduo.
O carreteiro de charque é um prato emblemático do Sul do Brasil, carregado de história e tradição. Muito utilizado pelos tropeiros e carreteiros – trabalhadores que viajavam por longas distâncias transportando mercadorias e gado pelos pampas gaúchos e outras regiões do país. Esses homens rústicos precisavam de uma alimentação prática, durável e energética para encarar as viagens árduas e os dias longe de suas casas, muitas vezes sob condições adversas.
O charque, carne bovina salgada e seca, surgiu como uma solução perfeita para esses trabalhadores. Criado como forma de conservação antes do advento da refrigeração, o charque podia durar semanas ou até meses, mesmo sem cuidados especiais. A carne, quando adicionada ao arroz, se tornava um prato completo, oferecendo carboidratos e proteínas essenciais para sustentar os tropeiros e carreteiros nas longas travessias pelos campos e serras da região.
Assim, a receita se consolidou como um símbolo da vida campeira. O preparo era simples: em um caldeirão sobre o fogo, o charque desfiado era refogado e cozido com arroz e temperos básicos. O prato se destacava não apenas pela praticidade, mas também pelo sabor marcante, resultado do processo de cura e desidratação da carne.
Ao longo dos anos, o carreteiro de charque se popularizou, tornando-se um prato tradicional e festivo no Sul do Brasil. Hoje, é frequentemente servido em eventos culturais, reuniões familiares e celebrações típicas, preservando um pouco da memória e da identidade gaúcha. O carreteiro de charque não é apenas um prato; é um testemunho da resistência e do espírito de adaptação dos antigos viajantes que moldaram a cultura e a história do Sul brasileiro.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.