No dia de hoje aconteceu o velório de algo que diretamente me entristece. E não estou aqui fazendo uma coluna política partidária (apesar de que eu sei que você aí no meio, é você mesmo, não vai ler até o final e lá nos comentários vai mandar pedradas), assim mesmo reforço: não estou aqui para falar #Fica ou #Fora, estou aqui para falar da tristeza de uma agente cultural, quando vê que o Ministério da Cultura, algo que foi conquistado em 1985, com tanto afinco por tantos, hoje está sendo enterrado.

Eu sei que a História nos mostra que isto pode ser momentâneo, pode daqui algum tempo passar, e quem sabe, o olhar sobre a necessidade da Cultura nas nossas vidas seja retomado, que lembrem que a Cultura é necessidade, e não capricho, é ela que nos traz a nossa identidade, é esse setor que também faz parte de destaque na economia, como fonte de geração de empregos e renda, e ainda digo que existem muitos porquês de acreditar nisso.

Porém hoje quando leio que o Ministério da Cultura será incorporado ao da Educação, porque saibam está na constituição o direito a Cultura, então em algum lugar tem que ser colocado, pois é um direito nosso e dever do Estado, é o mesmo que ler: passa hoje a ser extinto as ações de fomento a arte e a diversidade das nossas raízes e expressões culturais.

E vejam enquanto a maior parte do mundo pensa na cultura como estratégia para o desenvolvimento, hoje o Brasil diz ao contrário ao mundo, e podem apedrejar ”baboseiras”, sei que vão vir muitas, como textos do tipo: “mas precisamos de saúde, de educação, de asfalto”, sim também concordo! Mas ainda assim vai ser difícil alguém ter um argumento tão plausível, que faça desacreditar que tenhamos que repensar onde estamos investindo, ainda assim a Cultura não pode ficar no final da lista.

E sabe por quê? Por que o investimento que deixará de ser realizado hoje, terá muitos e altos custos logo adiante, pois não tem como negar que é a Cultura que nos tira do senso comum, que a Cultura que nos tira de meros e antigos homens das cavernas, e é através dela que nos tornamos realmente humanos, proprietários e donos de quem somos e o que queremos com clareza e argumento. É a através da cultura que nos apropriamos quem somos, e quem o outro é, e é através da cultura que podemos buscar a máxima do respeito e da aceitação ao diferente, e assim coexistir, porque somente quando aprendermos a conhecer e aceitar as nossas diferenças poderemos dizer que somos uma raça culturalmente desenvolvida.

Porém o nosso País opta em fechar os olhos, no momento que o uso da econômica criativa e as possibilidades que a cultura trás como meio de superação, precisamos também refletir a relevância que a extinção de um Ministério pode ter nessa conjectura.

Em suma a Cultura sempre resiste, seja na resistência da capoeira, seja no teatro de rua com o Carnaval, seja na bombacha e na água quente do chimarrão, não tem como existir economia da cultura e nem direito cultural sem um Ministério, sem um espaço onde esses processos possam ser gerenciados, planejados e encaminhados por meio de ações reais. Podemos até aqui dizer que como muitos outros Ministérios precisam ser reformulados, mas não dizer que precisamos de seu fim.

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