O Rio Grande do Sul experimenta um fim de abril com chuva extrema e enchentes com tendência de agravamento da situação no começo de maio, quando se espera ainda chova muito no Estado, o que trará mais inundações e o aumento dos níveis de vários rios com a piora das enchentes em muitas comunidades. Para Alvorada a previsão é que o volume de chuva seja ainda maior nos próximos dois dias, chegando a 82,9mm em 1º de maio e aos 109,9mm na quinta-feira (02). Depois, segue chovendo até o final de semana, com menos intensidade.
De acordo com a Defesa Civil do município, as pontes estão limpas, o nível do arroio está controlado e o rio Gravataí segue com nível baixo. Até o momento, não há pedidos de ajuda ou resgate por parte da população.
El Niño
O fenômeno El Niño segue presente no Oceano Pacífico e ainda impacta o clima no Brasil e em outras partes do mundo. Este evento extremo de chuva tem todas as “impressões digitais” do El Niño. De acordo com o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de +0,8ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há um El Niño na forma clássica e de impacto global. O valor está na faixa de El Niño fraco. Assim, oficialmente as condições de El Niño seguem presentes no Oceano Pacífico, mesmo que não intensas como no segundo semestre de 2023.
A chuva com volumes muito altos e excessivos dos últimos dias de abril prosseguirá no começo de maio. O atual evento de El Niño teve início em junho do ano passado, provocando um inverno e primavera de 2023 com extremos de chuva no Rio Grande do Sul e grandes enchentes, algumas das maiores dos últimos 150 anos no Guaíba e nos rios Caí e Taquari. No Uruguai, a chuva encerrou com a maior crise hídrica já registrada no país e que fez Montevidéu captar água salgada do oceano. Dificilmente haja exemplo melhor de como o El Niño impacta a chuva no outono do que o ano de 1941. A maior enchente da história de Porto Alegre e de muitas outras cidades gaúchas se deu em abril e maio de 1941, no outono, durante evento de El Niño que já estava presente no ano anterior.
O sinal de precipitação da soma das médias deste ano é de precipitação acima a muito acima dos valores da climatologia histórica para o Rio Grande do Sul. Assim, mesmo se encaminhando para o seu final agora, o El Niño ainda impacta o nosso clima. À medida que o Oceano Pacífico se resfriar nos próximos meses, a probabilidade de eventos extremos de chuva diminui. Isso, porém, não significa que passe o risco de eventos de chuva com acumulados muito altos e mesmo de cheias de rios. Episódios de chuva excessiva podem ocorrer no Sul do Brasil mesmo com o Pacífico em neutralidade ou sob La Niña, inclusive com enchentes. A diferença é que são menos numerosos que sob a presença do El Niño, quando ocorrem com muito maior frequência e acabam contribuindo para cheias de rios mais significativas, como se viu no segundo semestre do ano passado.
Fonte: Metsul Meteorologia