Quando se aposentou, aos 60 anos, a primeira atitude de Maria Soeli Rodrigues foi se inscrever em uma academia de ginástica. Ela conta que ficava encantada com o ambiente quando trabalhava na Sogipa, nos serviços gerais, e não perdeu tempo em realizar seu sonho.
Onze anos depois, ela é uma das mais assíduas alunas da FIT Academia, no bairro Bela Vista, onde faz musculação, jump e zumba. Quando chega, por volta das 19h, o ambiente se alegra. Lá, considera ser sua segunda casa. “Me sinto muito bem aqui, dou e ganho muito carinho dos meus colegas e professores”, comemora.
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Quanto à energia que emana e que diariamente divide, diz que vem de suas orações matinais. Praticante de budismo, Soeli levanta às 4h, toma dois copos de água, um cafezinho preto e parte para cerca de duas horas de orações. Depois conta que toma um café saudável, com pães, leite, yogurte e granola e vai para a academia. “Isso se eu não tiver outro compromisso, né!?”.
Mas nem sempre foi assim. Nascida em Caçador, Santa Catarina, teve uma infância difícil percorrendo o interior do estado com o pai, que trabalhava em serrarias. Aos 14 anos se apaixonou por um homem de cabelos e barba pretos e olhos verdes. Foi com ele para Lages, abandonando a família. O sonho, contudo, acabou em seguida, pois o marido não tinha emprego fixo e ela começou a trabalhar fazendo limpeza e organizando quartos em pensões e hotéis para ajudar em casa.
Por volta dos 18 anos, já morando no hotel em que trabalhava, conheceu um senhor gaúcho que procurava uma empregada para a família. No mesmo dia que recebeu a proposta de emprego embarcou para Porto Alegre, chegando no bairro Moinhos de Ventos.
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Tempos depois, cansada da rotina, foi morar em uma pensão na rua Alberto Bins. E foi no Centro que conheceu seu segundo marido. Ele lhe ofereceu um emprego e abrigo no bairro Cristal “onde, naquele tempo, só tinha o hipódromo!”, recorda. O emprego ela não conseguiu, mas foi casada com ele por 21 anos. Eles moraram na Vila Cruzeiro, depois em Teresópolis, até que, há cerca de 30 anos, se mudaram para o Jardim Alvorada.
Logo em seguida, após uma das tantas brigas que aconteciam, ela pediu a separação e seguiu sozinha, então com cinco meninos pequenos. “Passei muita necessidade, até mesmo fome, porque demorei para conseguir um emprego”. Depois que os filhos foram crescendo, começaram a trabalhar e a vida voltou a melhorar. Foi quando ela casou pela terceira vez, com um homem mais novo em uma relação que durou 10 anos.
Pouco antes de se aposentar ela ficou novamente desempregada. E desta vez com fortes sintomas de depressão. “Minha vida se fechou, eu não queria mais nada além de dormir e chorar. Até que uma vizinha me apresentou o Budismo”. O ano era 2003 e de lá pra cá ela revela que seus dias são de paz, mesmo que atribulados.
Hoje ela tem 11 netos e dois bisnetos e comenta que dois de seus filhos “voltaram às raízes”, pois moram em Santa Catarina.
Fonte: O Alvoradense