Para além de uma data comemorativa, o dia 8 de março é um momento de revalidação, manutenção e organização de luta por avanços para as mulheres. Se ainda vivemos uma época na qual alguns se sentem desconfortáveis ao verem mulheres verdadeiramente empoderadas, exercendo atividades diversas, é porque nossas conquistas não estão consolidadas.
Desde a época dos primeiros movimentos operários de mulheres em 1908 até 1975 com a instituição, pela ONU, do Dia Internacional da Mulher, muitas mulheres abriram mão de seu lazer, sua jovialidade e por vezes da tranquilidade, para deixarem heranças para as gerações futuras. Porém é relevante observarmos o quanto são recentes alguns avanços e quanto precisamos implementar políticas públicas que contemplem as mulheres da forma que realmente precisam. Com escuta atenta e empática de todos os grupos que se desdobram do feminino, como o das mulheres negras, por exemplo.
Os movimentos de nossas ancestrais e algumas mulheres do mesmo momento histórico ao nosso transformaram regras e leis e deram a nós a possibilidade de casar sem permissão do patriarca, separar-se e ter direito a conviver com os filhos, estudar para além do ensino primário, praticar esportes, votar e ser votada, entre outros tantos direitos. É tudo muito recente, juventude! Pesquisem as datas! Está logo aqui coladinho em nós…
Esses foram Presentes com P maiúsculo, os quais não podemos nos permitir esquecer ou perder. Se hoje podemos nos reunir em agremiações e falarmos assuntos relevantes para o feminino, é porque alguém no passado reivindicou para nós, mulheres contemporâneas, essa necessidade. O mínimo a fazer é não esquecermos de seus esforços.
Numa mesma perspectiva, usarmos esta data para reavivarmos a real fragilidade da democracia, o quanto avanços femininos promovem melhorias para a vida da sociedade em geral, torna valoroso esse momento. Mulheres mães promovem mudanças culturais e educativas que reverberam nas gerações futuras. Mulheres políticas constituem a legislação de uma forma equitativa. Mulheres atentas não permitem o extravio daquilo que foi conquistado à duras penas.
Se precisamos do feminismo? Sim!!! Muito. Ao sabermos de feminicídios, violência doméstica contra as mulheres, silenciamentos, desqualificação, diferenças salariais e contestação da capacidade, reforça-se a importância do engajamento a movimentos organizados que lutam por um mundo melhor.
Enquanto ouvirmos uma mulher ser chamada de louca ou histérica porque tentou conversar, mas não foi ouvida é porque precisamos sim, de ações afirmativas para a igualdade de gênero. Sobretudo precisamos da sororidade entre as próprias mulheres abandonando a competitividade estimulada pelo mercado da estética e da moda, que só serve para a manutenção do estado de coisas favorecendo aos interesses desenfreados do capital e do patriarcalismo.
Precisamos de união por uma causa que em realidade é de todos: o respeito à humanidade. E do respeito e admiração a todas as mulheres que nos precederam e que, de alguma forma, contribuíram para que hoje, exercendo poder, guerras sejam evitadas. Porque nenhuma mulher manda seu filho para o campo de batalha.
Feliz dia da Mulher! Mas principalmente: Mulher, seja Feliz!
* Denise Fonseca é Educadora Especial, Historiadora e Perita Judicial