Este mês especial da conscientização sobre o autismo nos permitiu ampliar uma série de debates sobre o que é e como fazer, de fato, a inclusão nas escolas. Trabalho e estudo educação há pelo menos 20 anos e sempre defendi: um programa de inclusão que realmente faça sentido precisa ter educação, saúde e assistência social integrados. Se essas três políticas públicas andarem juntas, a favor dos estudantes da educação especial, estaremos atendendo de forma multidisciplinar e efetiva.
Uma das discussões mais latentes quando se fala em atender o estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a presença de um monitor. A lei garante esse direito às pessoas com deficiências, entretanto, essa discussão vai muito além de ter este monitor, da necessidade ou não dele. O monitor deve auxiliar no apoio às ações multidisciplinares, não cuidar dele ou dela. A ajuda pode ser necessária em momentos específicos, porém devemos evitar a percepção de dependência constante. Cada indivíduo com deficiência é único e precisa de atendimento personalizado.
Uma escola inclusiva promove a interação de todos no processo educativo. A professora regular foca nas metas cognitivas, enquanto a professora AEE trabalha objetivos específicos. Os colegas apoiam e o inserem no grupo social e respeitam a individualidade. Quando há desorganização, é necessário suporte e acolhimento. Os pais auxiliam no processo e recebem orientações de como lidar em seus diferentes papéis.
A inclusão na escola deve acontecer com atuação de todos os atores envolvidos e os protagonistas são todos os estudantes e seus pares na sala de aula de ensino regular. A responsabilidade sobre o processo inclusivo e a condução dele é da escola e todos os que atuam nela e possibilitar oportunidades de acesso à atuação multidisciplinar e colaborativa é um diferencial para a construção e desenvolvimento do suporte necessário para eles e elas.
A inclusão de verdade só acontecerá quando tivermos a família apoiada em três políticas públicas atuando juntas e de forma interdisciplinar: educação, saúde e assistência social. Na Associação Brasileira de Educação, Saúde e Assistência Social (Abess), desenvolvemos, inclusive, ferramentas tecnológicas que podem ajudar a colocar isso em prática. Pode parecer utopia, mas eu verdadeiramente acredito que seja possível.
*Laura de Andrade, diretora-executiva da Associação Brasileira de Educação, Saúde e Assistência Social