Inquérito com cerca de 3 mil páginas indicia 27 brigadianos de Alvorada

Investigação da Corregedoria-Geral da Brigada Militar iniciou há mais de um ano

Foto: Soldado Albarello / BM / Especial / OA

Iniciada no final de 2018, uma investigação interna da Brigada Militar indiciou 27 Policiais Militares do 24º Batalhão de Polícia Militar (BPM), pelos crimes de participação em milícia, corrupção, extorsão e peculato (apropriação de dinheiro ou bens).

O documento final da Corregedoria-Geral possui mais de 15 volumes, totalizando 2.898 páginas, onde são apontados como participantes nos crimes 24 soldados, dois sargentos e um capitão, totalizando 27 PMs, o maior número de indiciados em uma mesma unidade da Brigada Militar. Também estão indiciados oito civis, incluindo um Guarda Civil Municipal de Alvorada.

O Inquérito Policial Militar (IPM) identificou cinco Policiais Militares pelo delito de formação de milícia e mais quatro pessoas. O grupo paramilitar realizava extorsões a traficantes em pontos de venda de entorpecentes e outros crimes como tráfico de drogas e proximidade com o jogo do bicho.

Gatilho

A suspeita da Brigada Militar sobre o grupo iniciou quando um PM de Alvorada foi morto em dezembro de 2018, supostamente envolvido em um latrocínio (roubo com morte) na Serra Gaúcha. Além do brigadiano morto, outro foi preso pela própria BM em um cerco após roubo de três residências entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis. O PM detido era lotado no 24º BPM. Na mesma época surgiu denúncia anônima de que o preso e um colega estariam extorquindo traficantes em troca de não serem presos.

Frente a estas informações, a Corregedoria-Geral priorizou a investigação e acabou identificando os demais envolvidos e ainda outros crimes.

Um ano depois, em dezembro de 2019, a Corregedoria cumpriu 30 mandados judiciais de busca e apreensão, numa operação que envolveu 150 policiais, quando 11 membros do 24º BPM foram afastados e cinco presos.

Finalmente em janeiro deste ano a investigação chegou ao fim e em 13 de abril, o então comandante-geral, coronel Rodrigo Mohr Piccon, concordou com o resultado da apuração e repassou o caso ao Tribunal de Justiça Militar (TJM), para a análise das responsabilidades.

Continuidade

A Justiça Militar recebeu os autos e os encaminhará à 1ª Auditoria Militar do Ministério Público. Já as acusações contra os civis, serão repassadas para a Justiça comum.