Reza a lenda que, sob as águas turvas e agitadas da Lagoa dos Barros, na cidade de Osório, jaz uma cidade esquecida pelo tempo. Dizem que, em noites de lua cheia e em dias de ventania, os sinos de uma antiga igreja submersa podem ser ouvidos, ecoando como um sussurro através da neblina espessa. Alguns juram ter visto a cruz do topo da igreja emergir lentamente das profundezas durante longos períodos de seca, como se tentasse alcançar o céu mais uma vez.
Porém, os mistérios da lagoa não param por aí. Uma antiga superstição fala de um redemoinho traiçoeiro, escondido no coração das águas, formado por areia movediça e capaz de engolir qualquer incauto que se atreva a navegar por suas proximidades. À medida que a água gira em espiral, parece cantar um canto hipnótico, atraindo os curiosos para seu destino fatal.
Alguns habitantes locais acreditam que a lagoa carrega uma maldição ancestral. Dizem que um feitiço foi lançado sobre ela, tornando suas águas mortalmente inóspitas, repelindo qualquer forma de vida. Talvez seja essa maldição ou as histórias sombrias que envolvem o lugar que afastam os pescadores, deixando suas margens quietas e desertas, exceto pelo ocasional farfalhar do vento entre os juncos.
Há também quem diga que, ao cair da noite, sombras sem dono se movem ao redor da lagoa, como se a cidade submersa ainda estivesse viva, perpetuando seus mistérios sob a superfície. As águas da Lagoa dos Barros guardam seus segredos com um silêncio perturbador, deixando aqueles que ousam se aproximar com um sentimento de desassossego, como se estivessem sendo observados por olhos invisíveis.
Assim, a Lagoa dos Barros permanece um lugar de enigmas não resolvidos, onde as lendas flutuam tão livremente quanto o vento que agita suas águas escuras.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.