Esta é uma das mais conhecidas e comoventes lendas da cultura gaúcha, carregada de simbolismo e reflexões sobre justiça e redenção. Esta história tradicional remonta aos tempos coloniais do sul do Brasil e foi passada de geração em geração, enraizando-se profundamente na identidade do povo gaúcho.
Conta-se que, no Período Colonial, havia um senhor de terras conhecido como um homem cruel e impiedoso, cujo nome variava conforme as diferentes versões da lenda. Este senhor possuía muitos escravos, e entre eles havia um menino negro, órfão e muito frágil, conhecido como o Negrinho do Pastoreio.
O Negrinho era constantemente maltratado e sofria abusos terríveis por parte do senhor e de seus capatazes. Um dia, enquanto pastoreava os cavalos do seu senhor, o Negrinho deixou escapar um cavalo valioso, o que enfureceu o seu dono. O senhor, enfurecido pela negligência do menino, ordenou-lhe que recuperasse o cavalo sob pena de castigos ainda mais severos.
Desesperado, o Negrinho partiu em busca do animal perdido, mas, após dias de busca incansável, ele não conseguiu encontrar o cavalo. De volta à fazenda, foi recebido com fúria pelo senhor, que o castigou brutalmente, amarrando-o a uma árvore e chicoteando-o até à morte.
Após a morte do Negrinho, os outros escravos da fazenda notaram que, todas as noites, uma sombra escura e enlutada vagava pelos campos, procurando incessantemente pelo cavalo perdido. Diz-se que essa sombra era o espírito do Negrinho do Pastoreio, condenado a vagar eternamente até encontrar o cavalo e cumprir sua tarefa.
Ao longo dos anos, a lenda do Negrinho do Pastoreio evoluiu, tornando-se um símbolo de injustiça e redenção. Muitas versões da história incluem elementos de fé e esperança, sugerindo que um dia o Negrinho finalmente encontrará o cavalo e será libertado do seu destino trágico.
Essa lenda ressoa profundamente na Cultura Gaúcha, lembrando-nos da importância da justiça, empatia e compaixão. Ela também serve como um lembrete de que, mesmo diante das maiores injustiças, a esperança e a determinação podem guiar-nos rumo à redenção e à paz. O Negrinho do Pastoreio permanece, assim, como um símbolo eterno da luta contra a opressão e da busca por um mundo mais justo.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.