Entre os períodos históricos do Brasil mais agitados, esteve com certeza o da Primeira República (1889-1930). A Revolta da Chibata ocorreu durante esta etapa de nosso desenvolvimento histórico, teve a liderança de João Cândido, e aconteceu no Rio de Janeiro, pouco depois do fim formal da escravidão com a Lei Áurea de 1888.  

João Cândido, que viajava pelo mundo, pois era membro da Marinha de Guerra brasileira, protagonizou uma rebelião com causa no mínimo justa, mas permaneceu isolado. Não ocorreram manifestações populares nas ruas em solidariedade a este movimento, os marinheiros lutaram sozinhos e ainda assim obtiveram vitórias. 

O governo do Brasil acabava de modernizar a marinha de guerra, com compra de navios, além de proporcionar viagens para treinamento de marujos e oficiais para a Inglaterra. Em primeiro lugar, isso resultou em melhora técnica e científica; mas por outro lado, também consolidou uma situação de insubordinação que foi crescendo e ajudou a formar um movimento de contestação a mentalidade escravista que ainda reinava.

Os descontentes marinheiros alugaram um sobrado, onde diversos deles reuniam-se diariamente para articulação da revolta. Foram 4 dias de rebelião, na primeira revolta no mês de novembro de 1910. 

Em seguida, em dezembro, aconteceu a segunda revolta, todas durante o governo do presidente Hermes da Fonseca, na República do Café com Leite. O estopim da Revolta foi o castigo do marinheiro baiano Marcelino Rodrigues Menezes, condenado a centenas de chibatadas no encouraçado Minas Gerais. Ainda desmaiado, ele continuava sendo agredido, o que aumentou a insatisfação e iniciou a Revolta.

A Revolta da Chibata foi tema no ENEM, por meio de um excerto de obra do historiador Mário Maestri. Confira:

Os seus líderes terminaram presos e assassinados. A “marujada” rebelde foi inteiramente expulsa da esquadra. Num sentido histórico, porém, eles foram vitoriosos. A “chibata” e outros castigos físicos infamantes nunca mais foram oficialmente utilizados; a partir de então, os marinheiros – agora respeitados – teriam suas condições de vida melhoradas significativamente. Sem dúvida fizeram avançar a História.

MAESTRI, M. 1910: a revolta dos marinheiros – uma saga negra. São Paulo: Global, 1982.

A eclosão desse conflito foi resultado da tensão acumulada na Marinha do Brasil pelo(a):

a) engajamento de civis analfabetos após a emergência de guerras externas.

b) insatisfação de militares positivistas após a consolidação da política dos governadores.

c) rebaixamento de comandantes veteranos após a repressão a insurreições milenaristas.

d) sublevação das classes populares do campo após a instituição do alistamento obrigatório.

e) manutenção da mentalidade escravocrata da oficialidade após a queda do regime imperial.

Os marinheiros rebelados, a bordo de encouraçados recém adquiridos, com seus canhões apontados para a sede do governo federal, reivindicavam o fim dos castigos físicos, uma vez que existiam duas legislações que permitiam as torturas como punição, os Artigos de Guerra e os Códigos Penal e Militar da Armada. 

Destaco que havia outras demandas dos rebeldes, como o fim do trabalho excessivo nas embarcações, dos vencimentos muito baixos, da péssima alimentação. O fato histórico conhecido como Revolta da Chibata foi uma ação política e coletiva por melhores condições de trabalho e de vida. 

Agora ficará muito fácil assinalar a alternativa e para responder a questão. Afinal, toda a precariedade nas condições de trabalho dos marinheiros- e o mais grave era mesmo a tortura física, que remetia diretamente ao sistema escravista-, decorriam da mentalidade oriunda de um tempo histórico passado. A Revolta da Chibata foi expressão da contemporaneidade do não coetâneo, na História da República brasileira.

Atualidades – a questão de Taiwan

Dizem que a China possui um regime socialista. Isso é um erro. Para a República Popular da China, o país é um só, mas convivendo nele dois sistemas. Taiwan é a parte da China que mantém o regime capitalista e que mantém boas relações e similaridades com os Estados Unidos.

A Taiwan que hoje aparece nos noticiários, surgiu com a vitória da Revolução Chinesa, quando o governo de Chiang Kai-Shek (considerado um nacionalista) fugiu para a Ilha Formosa. Desde então, Taiwan acumulou derrotas geopolíticas, e hoje cerca de apenas dez países a consideram um Estado nacional. Como a ONU considera Taiwan uma parte do território da República Popular da China, foi uma surpresa a visita da presidenta da Câmara de representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipei (capital de Taiwan).

2022 é um ano marcado por vendas de armas e envios de embarcações de guerra para Taiwan, pelos Estados Unidos. Um ano em que os Estados Unidos estão interessados em novos conflitos.

Imagem: Revolta da Chibata na imprensa