Com o aumento expressivo de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Rio Grande do Sul, o governo estadual decretou situação de emergência em saúde pública. O cenário, que pressiona o sistema hospitalar, reacende o debate sobre alternativas eficazes e seguras para o tratamento de doenças respiratórias, entre elas, o uso de medicamentos manipulados.
A farmácia magistral tem se mostrado uma aliada estratégica ao permitir a personalização das fórmulas, garantindo um tratamento sob medida para diferentes perfis de pacientes, desde bebês até idosos e pessoas com condições crônicas. Os manipulados são preparados a partir de prescrições específicas, com doses ajustadas conforme a idade, peso e necessidades clínicas individuais.
“Durante surtos respiratórios, como o que vivemos atualmente, a escassez de medicamentos prontos pode comprometer o cuidado. A manipulação oferece agilidade e flexibilidade, além de adaptar formas farmacêuticas e composições que favorecem a adesão ao tratamento”, explica Marco Fiaschetti, farmacêutico e diretor-executivo da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag).

Além das fórmulas líquidas, que facilitam a administração em casos com dificuldade de deglutição, é possível preparar cápsulas, pomadas e xaropes livres de corantes ou conservantes potencialmente irritantes. “A escolha de sabores e a adaptação de texturas também auxiliam na aceitação do tratamento por pessoas sensíveis ao gosto ou odor de certos medicamentos”, destaca o especialista.
Para crianças com maior sensibilidade, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa personalização é ainda mais valiosa. O cuidado na escolha dos ingredientes também é um ponto-chave: conservantes, corantes e excipientes com potencial alergênico ou tóxico são evitados, garantindo mais segurança e tolerabilidade ao tratamento.
Outro diferencial importante das farmácias de manipulação está no suporte a hospitais e clínicas, inclusive no atendimento de doenças respiratórias graves. “Fármacos como broncodilatadores, anti-hipertensivos pulmonares e expectorantes podem ser manipulados de maneira personalizada, garantindo a continuidade no tratamento mesmo após a alta hospitalar”, completa Fiaschetti.
A manipulação também se estende aos cuidados dermatológicos, comuns em quadros respiratórios acompanhados de alergias ou uso de medicamentos tópicos. Com fórmulas suaves, sem substâncias agressivas, é possível oferecer alívio seguro mesmo para peles mais sensíveis.
“Em tempos de emergência, a personalização dos medicamentos não é somente uma conveniência, torna-se uma necessidade. A flexibilidade na manipulação, a adaptação a diferentes faixas etárias e condições clínicas, além da possibilidade de contornar a falta de determinados medicamentos no mercado, tornam a farmácia magistral uma ferramenta importante no enfrentamento das doenças respiratórias que hoje afetam o estado”, conclui Fiaschetti.