Esta semana Alvorada ultrapassou a marca de quatro mil moradores contaminados pelo novo coronavírus. No município é grande o número dos que, estatisticamente, se recuperaram. Contudo há diversos relatos de pessoas que, ainda que tenham recebido alta hospitalar, seguem com tratamentos que vão desde fisioterapia, por presença de dificuldades motoras e respiratórias, até uso contínuo de medicamentos, parte como resultados dos vários dias hospitalizados, muitos deles entubados.
Conforme a médica sanitarista Lúcia Souto, presidente do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), que também é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estudos provam que a Covid-19 é muiltissistêmica e afeta não apenas o sistema respiratório, como também o cardiovascular, neurológico, podendo ocasionar trombose, fadiga e dificuldades respiratórias, entre outros.
Portanto, até os casos menos graves da doença podem apresentar sequelas, inclusive doenças emocionais, que podem “contaminar” a família do paciente. E há ainda casos em que os óbitos se dão por complicações de doenças preexistentes, otimizadas pela Covid-19.
Análise local
A médica Beatriz Silveira, que atua no Hospital de Alvorada, afirma que os principais sintomas apontados em estudos observacionais pós internação e melhora do quadro de Covid relatados pelos pacientes, são dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta) quando em atividade física, perda de olfato e paladar por um tempo prolongado e dores musculares, mesmo após alta hospitalar e melhora do quadro clínico.
“Porém, ainda é cedo para sabermos ao certo a amplitude destes sintomas. Para falar em pacientes 100% recuperados teríamos que pressupor que todos os sintomas teriam remissão (teriam cessado) e isso não é o que se observa”, avalia a médica.
Por fim ela conclui que não é possível prever sequelas posteriores à infecção pelo novo coronavírus . “Os estudos ainda são inconclusivos e pouco se sabe sobre o tratamento e recuperação da Covid-19”.