Na quinta-feira (27) foram ouvidas seis testemunhas relacionadas pelo Ministério Público (MP) do Estado durante a primeira audiência da fase de instrução processual sobre o caso do homem acusado de matar os quatro filhos, no final do ano passado, no bairro Piratini. Prestou depoimento a mãe do réu, a mãe das crianças, o avô materno e uma amiga da mãe, o delegado de Polícia que conduziu as investigações e um policial civil. O réu David da Silva Lemos esteve presente, mas não foi interrogado.
O processo é presidido pelo Juiz de Direito Marcos Henrique Reichelt, titular da 1ª Vara Criminal e tramita em segredo de justiça. A pedido do MP, será realizado exame de insanidade mental do acusado, pois há dúvidas se, na época do crime, ele apresentava alguma doença ou alteração de comportamento que o incapacitariam de compreender a gravidade de seus atos.
A defesa dele também deverá incluir testemunhas para serem ouvidas durante a instrução processual, o que deverá acontecer após o resultado do laudo de sanidade.
“Há uma linha defensiva de argumentação no sentido de eventual incapacidade mental. Foram arrolados remédios de uso controlado. Há apontamentos de passadas internações psiquiátricas. De outro lado, o réu, segundo relatos, executou com estratégia os gravíssimos fatos, com silêncio, ordem e dissimulação para atrair uma a uma das crianças, esperando momento oportuno para praticar os crimes e fugindo da cena do delito. Há depoimentos de que durante a prisão não apresentava qualquer desconexão com a realidade, o que demonstraria sua lucidez, conhecimento da ilicitude e capacidade de se portar, ou seja, sanidade aparente naquela situação. Assim, se entendeu por bem um estudo técnico, mormente porque provável seja o caso definido por juízes do povo”, explicou o promotor de Justiça Marcelo Tubino.
Ainda não há data para as próximas audiências, sendo que o caso poderá ir a júri popular.
O caso
Conforme investigação policial, em 13 de dezembro de 2022, em horário não definido, o acusado David da Silva Lemos esfaqueou os filhos Yasmin, 11 anos, Donavan, oito e Giovanna, seis; sendo que a mais nova, Kimberlly de três anos, foi morta por asfixia. Os crimes foram cometidos porque ele não se conformava com o fim do relacionamento com a mãe das crianças.