O Umbu é uma árvore grande e folhuda que cresce no pampa. Muitas vezes é solitária, erguendo-se única no descampado e atrai os campeiros, os tropeiros, os carreteiros que fazem pouso sob sua proteção. O tronco do Umbu é muito grosso, as raízes fora da terra são grandes, mas ninguém usa a madeira da árvore – não serve para nada, mesmo. É farelenta, quebradiça, parece feita de uma casca em cima da outra.
No entanto, o que muitos não sabem é que essa árvore guarda em si um segredo antigo, uma lenda que se perpetua entre os habitantes mais velhos da região. Diz-se que o Umbu, embora pareça frágil e de pouca serventia, carrega a alma dos antigos guerreiros guaranis, que em tempos passados, travaram suas batalhas pela terra e pela sobrevivência. Esses guerreiros, ao final de suas vidas, eram enterrados próximos ao Umbu, para que suas almas pudessem ser acolhidas pelas raízes da árvore. Assim, o Umbu tornou-se símbolo de resistência e proteção, um guardião silencioso das planícies do pampa.
A lenda conta que, em noites de lua cheia, é possível ouvir sussurros vindos do tronco oco do Umbu, como se fossem as vozes dos guerreiros transmitindo suas histórias e segredos. Aqueles que têm a coragem de passar a noite sob a copa da árvore, dizem ter sonhos profundos e vívidos, onde são transportados para tempos remotos, participando de batalhas, danças e rituais ao lado dos antigos guaranis.
Os campeiros, conhecedores dessa lenda, respeitam a árvore e nunca se atrevem a cortá-la ou danificá-la. Sabem que o Umbu, mesmo com sua madeira aparentemente frágil, é uma fonte de vida e energia espiritual, um elo entre o passado e o presente. E assim, a árvore solitária continua a erguer-se no pampa, testemunha silenciosa do tempo, acolhendo aqueles que buscam sua sombra e sua proteção.
Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.