Operação Pegasus, deflagrada em 10 estados, chega a Alvorada

Polícia Civil atua no combate a crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa

Foto: Polícia Civil / Divulgação / OA

Dez estados brasileiros foram alvo da Operação Pegasus, realizada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). A ação objetiva reprimir delitos de lavagem de capitais e de organização criminosa oriundos do narcotráfico gaúcho e seus associados distribuidores estaduais e nacionais.

A investigação iniciou a partir de apreensões de fuzis e cocaína no bairro Cascata, em Porto Alegre, junto a facções regionais, e nesta etapa cumpriu 502 medidas cautelares, dentre quebras de sigilos bancários, fiscais, financeiros, bursátil, telemáticos, mandados de busca, prisões, indisponibilidade de bens móveis, imóveis e ativos financeiros/mobiliários na bolsa de valores e em criptomoedas.

Também estão sendo cumpridas 21 prisões, dentre preventivas e temporárias, e 63 mandados de busca, em um total de 58 investigados distribuídos em Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Chuí, Eldorado do Sul, Porto Alegre e Santa Vitória do Palmar no RS; Garopaba/SC, Matinhos e Palotina/PR, Franco da Rocha e Francisco Morato/SP, Ponta Porã e Pouso Alegre/MG, Goiânia/GO, Salvador/BA, Porto Velho/RO e Humaitá/AM.   

Investigação  

A investigação, que durou um ano, apurou que duas facções gaúchas, com lideranças na zona leste da Capital e da grande Porto Alegre, estão em associação a uma grande facção paulista, para a distribuição maciça de cocaína e maconha em solo gaúcho, bem como integrando uma rede nacional de lavagem de dinheiro do narcotráfico interestadual e a respectiva distribuição de lucros.

Apontou a existência de células interligadas nestes 10 Estados (e outros sob investigação), todas ligadas a um polo de operadores financeiros, pessoas físicas e jurídicas no Estado de São Paulo, alvo de mandados e prisões, com indícios de ligação ao alto escalão/sintonia fina.

A organização criminosa investigada movimentou em um ano quase R$ 348 milhões de reais. Além de indisponibilidade de ativos em moeda corrente nacional e dólares, exchanges foram identificados com criptomoedas dos alvos e estão com bloqueios de ativos no dia de hoje.

Foi comprovado, nos mesmos moldes da Operação Irmandade, da DRLD/Denarc em 2021, que facções gaúchas enviam pagamentos de logística e distribuição de lucros à facção paulista. Na operação de hoje, ainda mais comprovado tal fato, visto que identificado o núcleo financeiro principal em São Paulo.

O modus operandi principal da quadrilha não é fixar patrimônio imobiliário, mas sim usar de contas de passagem, manusear dinheiro em espécie, esconder ativos em contas bancárias de financeiras, bancos digitais e exchanges (criptoativos), câmbio dólar, até chegar ao destino final. 

A Operação de hoje se interliga com as investigações dos líderes de primeiro escalão alvos da Operação Irmandade e Magna Ópera, pois foi onde se descortinou a associação a nível nacional entre os grandes traficantes gaúchos e de outros estados, pois o principal operador financeiro daquela, também pagava a esta célula paulista, além de existirem outros indiciados em comum nestas duas – Magna Ópera onde restou abrangida fazenda de 42 milhões de reais em Mato Grosso e indiciado o grande líder estadual de uma organização criminosa gaúcha que surgiu após morte do fundador nos anos 2000.  

Conforme o Diretor de Investigações, delegado Alencar Carraro, o Denarc vem realizando estas Operações Policiais visando coibir a associação de facções gaúchas a outras de São Paulo, evitando a instalação e a prática de crimes no Estado por parte destas.

Segundo o Diretor Geral do Denarc, delegado Carlos Henrique Braga Wendt, foi uma investigação complexa, que comprovou se tratar de uma lavagem de dinheiro sofisticada, com prova de mescla e integralização de capital em empresas, sendo a meta do Departamento focar nas grandes lideranças estaduais, onde mais de R$ 100 milhões já foram indisponibilizados e apreendidos entre 2019 a 2022.

Ação comandada pelo delegado Adriano Nonnenmacher, utilizou 400 policiais civis nos 10 Estados, com apoio operacional da DINARC/Denarc, SEOPI (Secretaria de Operações Policiais Integradas) do Ministério da Justiça, através do Projeto M.O.S.A.I.C.O., viabilizando o trabalho conjunto da Polícia Civil do RS com a Polícia Civil dos demais estados, GIE/PCRS, Divisão de Inteligência Financeira, DRLD, DRV e DR Deic, CORE/PCRS, DPM/PCRS, Divisão de Apoio Aéreo, Delegacia Regional Rio Grande, DP Santa Vitória do Palmar e Draco Rio Grande (DPI), Polícias Civis dos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Rondônia, Amazonas, Brigada Militar (Presídios) e Susepe.