Quem não ouviu falar do filme “Alien, o 8º Passageiro”? Ou “Telma & Louise”? Ou “A Lenda”? Ou “Chuva Negra”? Ou “1492, A Conquista do Paraíso”? Ou quem sabe o cult “Blade Runner”? Quem não ouviu falar ou não viu esses filmes, aconselho a procurá-los, porque o seu diretor Ridley Scott, ganhador do Oscar de 2000 com “O Gladiador”, acaba de ser indicado por seu filme mais recente, que passou um tanto quanto despercebido em nossos cinemas, pela National Board of Review, como o melhor diretor de 2015. Essa declaração implica, na maioria das vezes, numa indicação ao próximo Oscar. Não que uma premiação como essa vá fazer com que um filme seja verdadeiramente bom. Pode não ser.

A crítica ficou reticente porque o filme em questão é uma ficção que trás um título de gosto duvidoso: “Perdido em Marte”. A crítica não viu com bons olhos essa declaração tanto quanto a do melhor filme de 2015, “Mad Max”. Um jornal de circulação nacional chega a dizer que foram surpreendentes as escolhas de tais filmes. Não entrando diretamente no mérito dos filmes em pauta, interessante seria verificarmos tanto a obra de Ridley quanto o primeiro “Mad Max”, para examinarmos ou tentarmos entender as razões que levaram os críticos quanto às premiações.

Ridley tem como foco, quase sempre, a questão ambiental e as consequências do descaso deste fator sob um ponto de vista futurista. O que o tornou um cult através de “Blad Runner”, mostrando uma Los Angeles do futuro completamente detonada pelo desrespeito do ser humano em relação aos espaços urbanos e às relações sociais, embora prevendo uma grande evolução tecnológica que, para atingi-la, segundo a ficção proposta à época, nos faltam poucos detalhes. Além, é claro, dos androides que nos confundirão com os seres humanos com os quais convivemos.

A reunião em Paris, na semana passada, para que mais de 150 países discutissem a questão ambiental e a diminuição dos poluentes atmosféricos, não nos deixa quaisquer sombra de dúvidas sobre essa possibilidade de uma asfixia planetária. E não é coincidente que como melhor filme “Mad Max, Estrada da Fúria” tenha sido escolhido como o melhor filme, dirigido por George Miller. Como Redley, Miller traz a discussão necessária ao encaixe entre as duas películas. Mad retrata com vigor a violência urbana do futuro. Os filmes são complementares e necessários a uma reflexão mais contemporânea do que está acontecendo para imaginarmos, no mínimo, o que é possível acontecer se não agirmos agora.

Para os críticos brasileiros ocorreu uma surpresa. Para mim, não. Pelo menos com Scott temos a segurança de um bom roteiro e uma impecável fotografia. Não posso dizer o mesmo de “Mad Max”, porque ainda não vi sua continuação. Baseio-me no primeiro, quando a líder interpretada por Tina Turner cantava: “Nós não precisamos de outros heróis”.