Vou ser honesto: eu não gosto da expressão “nerd”. Penso que, além de ser um rótulo mal empregado na maioria dos casos, carrega ainda um tom pejorativo, herança de uma época em que o que hoje se chama de “cultura pop” nada mais era do que cultura de gueto, o nicho do nicho. Mas, a modernidade nos trouxe a socialização de tudo, até das culturas relegadas como os quadrinhos, RPG’s e afins, então vou me utilizar do “nerd” pelo bem geral da nação.

Pra começo de conversa, eu não sabia que era nerd. Sempre foi natural pra mim ler gibi, colecionar bonequinhos, assistir aos (dois ou três) filmes de super-heróis sem pudor nenhum. Eu vibrava com a Guerra nas Estrelas, brincava de “Superômem”, conhecia os Vingadores, um a um. Decorava a identidade secreta dos heróis, e as repassava na cabeça um sem número de vezes, até não errar nenhuma. Conhecia o Tony Stark, o Steve Rogers, o “Péter” Parker, mas nunca tinha ouvido falar dos “Avengers”. Até que, de uma hora pra outra, todo mundo conhecia essa galera, manjava tudo do Iron Man, reclamava dos filmes, entendia as referências. Todo mundo era nerd, imagine você.

Com o advento da tecnologia, e os avanços dos efeitos especiais, houve uma revolução no cinema. Criou-se um novo gênero, os filmes de super-heróis. Antes relegados a produções esporádicas e invariavelmente de mau gosto e baixo orçamento, os filmes seriam a salvação dos personagens e suas editoras, além de serem os grandes responsáveis pela socialização da minha infância. Agora todo mundo tem um herói favorito. Todo mundo é “Team Cap”ou “Team Iron man”. Todo mundo espera a cena pós-créditos. E aí?

E aí, tudo bem! Saímos do gueto, ganhamos as ruas, mesmo que de forma superficial. É normal ver meninas da quinta série com uma camiseta do Homem-Aranha. Uma senhorinha com aquela camiseta de “Star Wars”(Guerra nas estrelas!!!) comprada na loja de departamentos. O moleque com a arte do Garcia Lopez estampada na mochila. Ele não sabe quem é o Garcia Lopez. Você sabe? Não importa.

Esses “novos nerds” (nossa, que termo preconceituoso!) apenas arranham a superfície de uma cultura que tem milhões de seguidores há décadas, mas isso não é defeito algum. Eles se divertem, eles curtem os filmes, eles consomem os produtos que possibilitam que nossos personagens continuem vivos, depois de tantas sagas, tantas guerras, tantas idas e vindas da morte. E eles compartilham essa alegria. Eles nos fazem perceber que no fundo, todo mundo é um pouquinho nerd, e que não há mal algum nisso. Finalmente, eles nos entendem.

Enfim, espero que esse espaço contribua, pelo menos um pouquinho, pra que esse universo se expanda. Que sirva pra informar, pra divertir, pra socializar os nerds e os não-nerds (ou “civis”, como a gente costuma brincar). Afinal, todo mundo pode ser “nerd”, nem que seja de vez em quando. E isso é só o começo. Como diria meu velho amigo Stan (Lee): Excelsior!