PCB acredita que chapa com o PSOL tem capacidade de mudar Alvorada e não repetir os erros dos últimos governos

Rafael Melo, presidente do partido em Alvorada, acredita que o diferencial da candidatura são os pré-candidatos, que representam os trabalhadores comuns

Foto: Divulgação / OA

Seguimos o especial de entrevistas com os presidentes municipais dos partidos em Alvorada. Hoje O Alvoradense entrevista Rafael Melo, presidente municipal do PCB, partido que faz coligação com o PSOL e tem Professor Freitas como pré-candidato a vice-prefeito, em candidatura com Junior Caminhoneiro.

Como o atual cenário político da cidade impactou ou impacta na escolha do candidato?

Rafael Melo: Vemos no atual cenário político a emergência por alternativas reais de mudanças, a exorbitância de votos brancos, nulos e abstenções parece apontar para isso. Por isso decidimos compor uma chapa com propostas voltadas à mudanças radicais, que tenham como objetivo principal a vida da maioria das pessoas e não o beneficiamento de alguns poucos empresários da cidade. 

Alvorada é uma cidade mergulhada na pequena política, de acordos e negociatas. Nós queremos transformar a cidade na cidade da participação direta e da democracia popular.  

Como está a mobilização interna do partido pela escolha do candidato? O candidato já foi escolhido? Quais os apoios (partidos) desta pré-candidatura? 

Rafael Melo: Já temos acordo pré-estabelecido com o PSOL e pretendemos apoiar o candidato Junior Caminhoneiro, indicando o professor Freitas como vice. Estamos debatendo nosso programa e essa chapa deve se confirmar nas plenárias eleitorais. 

Qual o impacto que a mudança das datas referentes à eleição terá no processo de convenção e de campanha para seu partido?

Rafael Melo: Somos a favor do adiamento completo das eleições, inclusive para o ano que vem. Em tempos de pandemia, acreditamos que será bastante arriscado fazer uma eleição, inclusive em novembro. Mas como já houve muita morosidade para mudar as datas para novembro, não devem haver muitas mudanças. 

Estamos nos preparando com bastante tempo para as eleições, mas ainda temos desafios legais para vencer, dada as mudanças recentes nos processos cartoriais e de registro. Vale citar que o PCB é um partido pequeno, comparado aos partidos tradicionais da política brasileira, e não recebe dinheiro de fundo partidário ou doações de empresários. Por isso, arrecadar fundos para campanha sempre é uma tarefa grade, mas que estamos conseguindo dar conta.

O partido trará um candidato com quais qualidades?  Qual é a aposta do partido com seu candidato? A preferência do partido nessa eleição será por um candidato “novo” ou um mais experiente?

Rafael Melo: Nossa chapa é composta por dois trabalhadores das categorias que estão entre as mais centrais na mobilização de pautas populares no Brasil, um caminhoneiro e um professor. Acreditamos que quando o momento exige mudança e, principalmente, quando queremos fazer política para a maioria, é preciso ter candidatos que representem essa maioria. Nossos candidatos são trabalhadores comuns, que vivem do seu suor, mas com grande experiência nas lutas populares, no trabalho de base, na luta cotidiana. Esse é nosso diferencial, nosso candidatos não são carreiristas políticos, vivem do seu trabalho e estão se colocando à disposição dessa grande tarefa. 

Estamos unindo em uma chapa fibra política para enfrentar os desafios e renovação na esquerda, além de um grande conjunto de movimentos populares que darão suporte à essa candidatura.  

Como a pandemia vai influenciar no processo de campanha, no sentido da impossibilidade de aglomerações e contato direto com os eleitores?

Rafael Melo: Embora seja visível que muitos pré-candidatos já venham burlando regras de distanciamento sanitários, nós queremos salvaguardar vidas e faremos um esforço para que isso predomine nessa campanha. Vamos inclusive ajudar a fiscalizar candidatos que insistirem em fazer aglomerações e contatos físicos desnecessários. 

Queremos apostar na campanha virtual, que é inclusive ecologicamente melhor. Se for possível o contato, o faremos tomando todas as precauções. A distribuição de materiais pode ser feita em caixas de correio, por exemplo. Mas sabemos que é uma decisão arriscada, as grandes campanhas vão lotar a cidade de propaganda em papel, promover encontros e aglomerações, mas para nós a vida é mais importante. 

Qual o impacto que o atual cenário político nacional terá em Alvorada e no que se refere ao seu partido? Seguirá a linha da política nacional?

Rafael Melo: O PCB é um partido organizado pelo Centralismo Democrático, que envolve o máximo de democracia interna e a coesão na tomada de decisão. Isso para explicar que é impossível ver nas eleições municipais por todo o Brasil o PCB se posicionando de forma contrária. Há muito partido de esquerda que se diz contra o atual governo federal, mas estará em vários municípios se coligando com PSL, Aliança, DEM, PTB e etc, partidos fiéis à base do governo. Nossa linha nacional é clara, somos um partido de esquerda e nosso arco de alianças não foge disso, pois nosso projeto está acima de acordos de cargos, afinal o PCB é um partido de trabalhadores, trabalhadoras e estudantes, não de velhas raposas políticas. 

Somos oposição ao governo federal, ao governo estadual e umas das mais ferrenhas e combativas oposição ao atual governo municipal de Alvorada. PSOL e PCB são uns dos poucos partidos que não fizeram parte ou acordo com o governo Appolo. Deixamos claras nossas posições e não fazemos oposição de salão, como muitos pré-candidatos que estão se apresentando. Nosso projeto é radicalmente diferente de Bolsonaro, Leite e Appolo, e acreditamos que somente quem não tem “rabo preso” poderá apresentar mudanças concretas.  

O partido tem buscado aliados para a composição de chapa para as eleições 2020? Qual o contexto que você poderia relacionar?

Rafael Melo: Iniciamos o debate em torno da possibilidade de uma frente de esquerda, dado o cenário de graves retrocessos na cidade. Entretanto, a experiência mostrou que ainda precisaremos de mais trabalho para construir um polo de esquerda aqui. Há percepções diferentes quanto à governabilidade e principalmente na forma de organizar campanhas e mandatos. Acreditamos que a esquerda, quando se apresenta como alternativa, não pode repetir a velha forma de fazer política, da política tradicional. Esquerda inspira mudança, renovação, revolução! As ruas pedem mudanças radicais, e precisaremos estar atento às elas, ou o Brasil inteiro será patrolado pelo neo-fascismo que vem ganhando força. 

Nesse sentido, o PCB manterá sua aliança com PSOL. Gostaríamos muito de poder contar com os companheiros do PSTU nessa construção. De mesma forma, deixamos um convite para todas as pessoas, movimentos sociais ou grupos que desejam construir uma mudança real para a cidade de Alvorada, pautada na democracia, na defesa de direitos, na qualidade dos serviços públicos e na vida de de nosso povo. Entendemos que nossa chapa aglutina energia necessária e a capacidade de mudança, para não repetir os desastres dos últimos governos municipais.