Em dias de folga, quem não pode ou não quer viajar tem como opção de lazer na maioria das cidades as praças e parques.
Em Alvorada, contudo, os espaços públicos são poucos e o estado de algumas praças não é nada convidativo para o passeio ou mesmo para uma tarde de chimarrão.
O principal ponto de encontro da cidade, a praça João Goulart – ou 48 como é mais conhecida –, recebeu melhorias nos últimos meses, como pintura, capina e novos equipamentos de brinquedo e ginástica. Esta realidade, contudo, contrasta com a situação de algumas praças de bairros mais isolados.
Segundo o secretário adjunto da Secretaria de Serviços Urbanos, Roberto Teles, esse é um cenário que vai mudar logo. Ele garante que uma série de projetos para a revitalização das praças vai ser colocado em prática pela prefeitura.
Alguns deles, como a recuperação da praça em frente ao Hospital de Alvorada, já foram iniciados nas primeiras semanas deste ano. Com o sistema de iluminação já recuperado, a segunda etapa será o novo paisagismo, que tem previsão para início dos trabalhos ainda no primeiro semestre de 2014.
De acordo com Teles, esta praça recebeu prioridade por ser utilizada pelos pacientes e acompanhantes do hospital municipal como ponto de espera. “Muitas pessoas que precisam do hospital utilizam o local para descansar e aguardar os horários das consultas. Oferecer esse espaço com segurança e conforto para a população virou uma prioridade”, afirmou.
Alguns espaços em bairros como Umbu, Onze de Abril e Porto Verde também receberam melhorias pontuais nos últimos meses. Na Americana, a demora em recuperar o ponto considerado como o coração do bairro levou moradores a realizaram um mutirão de limpeza em dezembro do ano passado.
Para a população, o bom estado das praças representa muito mais do que um espaço de lazer. A prática de esportes, por exemplo, surge em locais com equipamentos adequados e constante conservação, como uma alternativa a uma realidade conturbada na vizinhança.
Capital vira alternativa
Quem pode, acaba procurando o espaço que falta em Alvorada em cidades da região. Pela proximidade e variedade de locais, Porto Alegre acaba recebendo a grande maioria dos alvoradenses em busca de locais públicos de lazer.
A adolescente Ariane Silva, de 16 anos, pratica slackline na Capital. Ela sente falta de um espaço dentro da cidade para a prática do esporte. “Tenho que pegar dois ônibus no final de semana para ir até a Redenção. Isso é horrível. Os ônibus são cheios e demorados, a gente acaba perdendo a vontade”, confessa.
Quem não consegue se deslocar para a Capital, acaba tendo dificuldades em encontrar opções na maioria dos bairros, ainda que seja para apenas aproveitar a sombra das árvores para um chimarrão entre amigos. Os locais que oferecem estruturas de bancos e manutenção para receber visitantes são escassos.
O morador Luis Rosa é um dos que prefere ficar em casa para o tradicional mate no final da tarde a ter que ir para a praça Central. “Mesmo com duas delegacias de polícia muito próximas da 48 [tanto o batalhão do 24º BPM e a 3ª Delegacia de Policia Civil ficam ao lado] não me sinto seguro para tomar um chimarrão ali no final da tarde, prefiro ficar em casa”, revela.
Tanto Luis quanto Ariane moram na Piratini, bairro onde há uma praça nas proximidades. O espaço, no entanto, está praticamente destruído, sem iluminação e com a grama alta.
História perdida
Além da escassez financeira para recuperar as praças já existentes, Alvorada tem ainda uma dificuldade burocrática com a regularização de locais aparentemente de lazer, mas que em alguns casos são terrenos abandonados.
Segundo Teles, isso acontece por que no momento da emancipação da cidade não houve uma preocupação, na época, de resgatar essa história que ficou perdida em arquivos da cidade de Viamão. “As matriculas e histórias de muitas praças ainda fazem parte dos arquivos de Viamão. Alvorada é uma cidade muito jovem e por essa razão ainda não foi possível catalogar todos os espaços”, garante Teles.
No bairro Jardim Algarve, por exemplo, o principal ponto de encontro dos moradores é, na verdade, um terreno privado. Localizado em frente ao shopping do bairro, na avenida Zero Hora, o local foi adotado pela população como área de lazer, ainda que não tenha nenhum equipamento público, como bancos, lixeiras e brinquedos. A imensa área verde estrategicamente localizada deveria abrigar um hipermercado, construção que nunca saiu do papel.
O trabalho de recuperação do arquivo histórico das praças da cidade já foi iniciado, mas não tem previsão de término.
Fonte: O Alvoradense