Desde sexta-feira, dia 22, pais, alunos e professores da escola Novo Horizonte estão chocados. O desaparecimento de uma estudante do nono ano e do professor de geografia e história da escola deixou apreensiva a comunidade escolar.
O professor pediu demissão na sexta-feira pela manhã. A diretoria da escola tentou enten-der os motivos que leva-ram Henrique Rodrigues a solicitar o afastamento. Ele, no entanto, alegou problemas pessoais e deixou as dependências da escola por volta das 10h40min.
Pouco tempo depois a aluna alegou a um monitor que sua avó estaria mal de saúde e que precisaria sair. Ela o convenceu e deixou a escola por volta das 11h30min.
Segundo a esposa de Henrique, ele chegou em casa pouco antes do meio dia. “Ele disse que pediu demissão da escola, precisava espairecer e saiu porta afora”, conta a mulher, com quem o professor comemorou dez anos de casado no início do mês. “Somos um casal feliz e estávamos fazendo planos para o futuro”, detalha ela, que também é professora na mesma escola.
A estudante teria tirado notas baixas no último trimestre e desde então contava com a ajuda de Henrique e de sua esposa em aulas particulares na casa dos professores. “Na maioria das vezes era eu quem trazia ela para cá, e a minha sogra sempre estava em casa”, conta a mulher, que desabafa: “Estão tentando transformar o meu marido em um monstro.”
Nos perfis da aluna e do professor no Facebook há dezenas de fotografias de ambos juntos.
No sábado pela manhã a aluna ligou para a avó. “Ela disse que queria voltar para casa e pediu para que o pai retirasse a queixa na polícia”, conta ela. O pai chegou a ir até a delegacia, mas foi informado de que, por se tratar de um desaparecimento superior a 24 horas e envolver adolescente menor de idade, não seria possível retirar a queixa.
A esposa de Henrique também conseguiu contato com o marido no sábado pela manhã. “Falei para ele que não estou com raiva e pedi para que pensasse em nossa filha”, conta. “Ele só me ouviu e não disse nada, depois desligou o telefone e não consegui mais contato.” A estudante ainda entrou em contato com a família outras duas vezes no sábado. Eles chegaram a negociar um reencontro, o que não ocorreu no sábado.
No domingo pela manhã, no entanto, o carro da esposa do professor, utilizado na fuga, parou em frente à casa da família da aluna. Henrique entregou a menina em casa por volta das 11 horas. Familiares acabaram agredindo fisicamente o professor. A polícia foi acionada e Henrique foi encaminhado para o hospital para realizar o exame de corpo e delito.
Em depoimento de quase duas horas na 1ª Delegacia de Polícia de Alvorada, a aluna afirmou que ambos passaram as noites conversando e garantiu que não houve qualquer abuso por parte do homem. Uma professora teria flagrado um beijo entre aluna e professor semanas antes.
“Foi um ato consentido pela menina. A fuga foi decidida quando o pai e a mulher do professor tomaram consciência do que havia ocorrido”, explica o delegado Newton Martins de Souza Filho.
Quando o homem decidiu fugir “ela disse a ele que iria partir também, pois não queria aguentar tudo sozinha”, comenta Souza.
Após colher o depoimento, o delegado afirmou que não seria possível efetuar a prisão de Henrique com os elementos de que dispunha: “Ela afirma que a fuga foi consensual”, disse.
As hipóteses de sequestro e estupro foram descartadas, já que a adolescente confirmou consentimento e tem mais de 14 anos.
Ambos planejavam fugir para Santa Catarina, mas se arrependeram. Ao longo dos dois dias em que ficaram longe, ambos teriam passado por cidades da Serra gaúcha.
Segundo a avó da adolescente, pais de alunos e familiares da estudante organizaram uma manifestação para a manhã desta segunda-feira em frente à escola. “Tudo aconteceu ali dentro e eles vão ter que se responsabilizar pelo caso. Queremos a escola fechada”, disse.
Durante todo o final de semana a equipe de reportagem d’O Alvoradense tentou contato com a diretora da escola, mas não foi atendida.
Fonte: Jonathas Costas / O Alvoradense