A Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul foi um marco importante na história política do estado, refletindo as tensões acumuladas ao longo de anos de descontentamento com o governo de Borges de Medeiros. Um ano antes do estopim dessa revolução, a insatisfação com o regime de Borges — que ocupava a cadeira de governador desde 1898, somando quatro mandatos consecutivos — já era evidente.
Descontentamentos e Crises
Os principais fatores que alimentavam essa insatisfação eram variados e se entrelaçavam. As fraudes eleitorais eram uma constante — acusações de manipulação de resultados e coação de eleitores tornavam a legitimidade do governo de Borges altamente questionável. Esse cenário criava um clima de crescente desconfiança e revolta entre os opositores, especialmente em momentos como as eleições de 1922, em que Borges tentava se reeleger para o quinto mandato.
Além das questões políticas, a classe pecuarista enfrentava uma crise severa. O fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, resultou em uma drástica diminuição das exportações de carne para o mercado europeu, um dos principais sustentáculos da economia gaúcha. A combinação de uma administração considerada autoritária e uma crise econômica profunda gerava uma tempestade perfeita de descontentamento.
Ascensão da Oposição
Em meio a esse contexto, Assis Brasil, um influente líder da oposição, decidiu anunciar sua candidatura ao governo, desafiando diretamente a continuidade de Borges. Essa candidatura acentuou a tensão política, mobilizando setores insatisfeitos que viam em Assis uma alternativa viável para um governo que parecia cada vez mais distante das necessidades do povo gaúcho.
As eleições de 1922, que deveriam ser um momento de renovação, foram marcadas por mais uma fraude nas urnas, resultando na reeleição de Borges. Esse episódio, já insuportável para muitos, tornou a situação política ainda mais explosiva, galvanizando o apoio aos opositores e criando um clima de revolta e indignação.
O Estopim da Revolução
No dia 25 de janeiro de 1923, Borges de Medeiros tomou posse em meio a um cenário tenso e explosivo. Ao som de gritos de “é pau, é canzil, viva Assis Brasil”, a atmosfera estava carregada de insatisfação e expectativa. As forças que se opunham ao governo estavam mobilizadas e prontas para agir. Assim, o descontentamento acumulado nos últimos anos logo se transformou em ação, levando à eclosão da Revolução de 1923, um movimento que buscava não apenas a mudança de governo, mas um novo rumo político e econômico para o Rio Grande do Sul.
A Revolução de 1923 se tornou, portanto, uma manifestação da vontade popular em face da opressão e da crise, iniciando um novo capítulo na luta pela democracia e pela justiça social no estado. Esse episódio ficou marcado na memória do povo gaúcho como um momento em que a insatisfação se transformou em luta, refletindo a busca por um futuro mais justo e igualitário.
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Adair Rocha é tradicionalista, declamador e líder com experiência na preservação e promoção da cultura gaúcha. Sua jornada incluiu a subcoordenadoria da 1ª Região Tradicionalista em Alvorada, onde coordenou e apoiou iniciativas tradicionalistas, fortalecendo os laços culturais na comunidade.
Como comunicador de rádio, envolveu-se na difusão da cultura gaúcha, compartilhando histórias, músicas e eventos relevantes para a comunidade tradicionalista.
Como patrão do CTG Amaranto Pereira por quatro anos, liderou e desempenhou papel crucial na organização de eventos, promoção de atividades culturais e na representação da entidade. Atualmente é conselheiro na Fundação Cultural Gaúcha do MTG/RS.