A confirmação da duplicação, sem cobrança de pedágio, de uma das mais importantes rodovias da Região Metropolitana, comprova que a nossa luta de mais de cinco anos, para garantir o direito da população, valeu a pena. Em entrevista esta semana, o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, anunciou que o governo Leite vai utilizar recursos do Fundo do Plano Rio Grande (FUNRIGS) — oriundos do não pagamento da dívida do Estado com a União e destinados à Reconstrução do RS — para duplicar 16 quilômetros da RS/118, entre Gravataí, Alvorada e Viamão, sem a instalação ou cobrança de pedágio.
Essa conquista reflete o esforço de empresários, lideranças de vários partidos e de toda a comunidade, que se uniram desde 2019 contra a privatização por 30 anos da RS/118. Medida que sacrificaria economicamente os municípios, cujos PIBs Per Capita estão entre os menores do Estado.
Durante esse período, muitas foram as audiências, atos públicos e mobilizações para demonstrar ao governo Leite que a RS/118 não era apenas uma rodovia. Além de cortar seis municípios e atingir 10% da população do RS, ela é estratégica por ser uma rodovia urbana e ter se transformado em um corredor humanitário durante a enchente de maio, quando garantiu a ligação de Porto Alegre com o Estado e o país. Implantar pedágio na RS/118 iria não só encarecer o custo de vida, dos transportes, dos produtos e serviços, mas provocaria desemprego e fuga de investimentos em municípios economicamente fragilizados.
Embora o anúncio seja um avanço ao atender essa demanda histórica, ele também preocupa. Após a duplicação com recursos públicos, a RS-118 será entregue à iniciativa privada, dentro do programa de concessões rodoviárias, o que reforça a necessidade de mantermos nossa mobilização. Se essa vitória foi fruto da união de forças que transformaram a realidade, cabe a nós, no entanto, permanecermos vigilantes para garantir que o interesse público continue priorizado em todas as etapas desse processo.
- Stela Farias* – Deputada Estadual PT/RS