Impossível ter memorizado todas as suas frases, as ditas, as não ditas e as que restaram subentendidas. Decorá-las enfileirou-me, de certa forma, aos atos falhos decorrentes dessa pretensão, abundantes informações não retidas pelos arquivos do imaginário.
Em decorrência dessas ações corrompidas e a inacessibilidade tecnológica pertinentes aos seus tempos e espaços, certos trechos de alguns calhamaços de papéis alheios me são caros, quando os percebo raros.
E os guardo todos (os calhamaços), para reencontrá-los em algum outro momento que sei não irá acontecer. São difíceis porque jorram em profusões. Todos interessantes. E aquele trechinho que tanto me encantou está lá, sei, em algum lugar. Isso me conforta. Um dia talvez voltaremos a nos encontrar, o trechinho e eu, e o mesmo prazer que tive com a leitura de outrora venha confortar-me novamente.
Por enquanto me encontro perdido entre os calhamaços dos quais recuso me desfazer. Estão no fundo de algumas das caixas. Das diversas caixas de anotações, folhas e livros que guardo. Antes de papelão, agora de plástico para que se conservem melhor. Talvez me vá para o lado obscuro da vida sem nos reencontrarmos novamente. Terei, entretanto, a segura certeza de que lá estarão para aquele momento em que o inesperado reencontro volte a ocorrer. Aqui a esperança é a única certeza. O encontro não. O encontro ao qual me proponho entre tantos guardados inúteis aos que observam, é extremamente útil aos meus sonhos.
Os sonhos que os sei são palpáveis às palavras que os espocam em ideias e que estimulam os referenciais indicativos de alguma lucidez, que os guardem. Afinal, eles são meus úteis mistérios e segredos que, abandonados, desnudam toda a história de uma vida.