Uma maternidade para duas cidades

Em meio a debate sobre fechamento da maternidade de Viamão, Hospital de Alvorada atinge capacidade máxima de atendimento

O Hospital de Alvorada é referência em atendimento Materno Infantil / Foto: Arquivo / OA

O Hospital de Alvorada, referência no atendimento materno-infantil na região Metropolitana, poderá passar a atender também as gestantes de Viamão. A possibilidade foi levantada durante a semana e gerou forte reação na cidade vizinha, que ficaria sem nenhuma maternidade no município. Em meio ao intenso debate que se travou sobre o tema, o setor de obstetrícia de Alvorada trabalha com a capacidade máxima de atendimento, deixando muitas mães na sala de recuperação enquanto aguardam um leito.

É o caso de Danielle Maria Beleza de Souza, grávida de gêmeas e com quase nove meses completos de gestação, chegou ao hospital na manhã de quinta-feira (23) acompanhada do marido. Durante o exame entrou em trabalho de parto e a equipe optou por uma cesárea de urgência, para evitar o sofrimento das crianças que apresentavam mais de dois quilos cada.

Uma hora após sua entrada, o marido foi informado do nascimento das meninas. Ele, contudo, estava preparado para acompanhar o momento e se mostrou frustrado com a situação. Outro agravante foi não ter podido ficar com a esposa até o momento dela ir para o quarto, o que só aconteceu na tarde desta sexta-feira.

A diretora técnica do Hospital de Alvorada, Dra. Soraya Malafaia Colares, admite que a equipe errou ao não informar a situação ao pai, mas lembra dos riscos e complexidade do parto de gêmeos. “O importante é que conseguimos atende-la com rapidez e agora ela e as meninas estão bem.” Ela assegura, ainda, que Danielle não ficou sozinha com as meninas, sendo auxiliada pela equipe de enfermagem enquanto aguardava o leito.

Para a diretora, a falta de leitos no Hospital de Alvorada pode ser consequência não só da notícia do possível fechamento do setor de maternidade do Hospital de Viamão, mais ainda a reforma no Hospital Conceição, que está com atendimento restrito, o que levou ao aumento no número de atendimentos em Alvorada. “Nossa média é de 200 partos por mês, mas chegamos a 250 nos últimos 30 dias”, enfatiza enquanto garante que nenhuma gestante fica sem atendimento na cidade.

Viamão 
Esta semana foi noticiada a possibilidade do Instituto de Cardiologia fechar a maternidade do Hospital de Viamão, caso ocorram cortes de verbas estaduais, na ordem de R$ 650 mil ao mês. Os atendimentos como partos e acompanhamentos da gestação, passariam ao Hospital de Alvorada, também administrado pelo Cardiologia.

Conforme o diretor do Hospital de Viamão, João Almir, a ideia seria disponibilizar uma ambulância 24 horas para o transporte até Alvorada, onde o Hospital é referência em atendimento materno-infantil, com pediatras, berçário, obstetras de plantão 24 horas, anestesistas e UTI neonatal.

A Dra. Soraya diz que não é favorável ao fechamento da maternidade, mas se isso acontecer, Alvorada irá atender a cidade vizinha. “Já são muitas as gestantes que chegam aqui de outros municípios, apesar de apresentar endereços daqui”, comenta.

Ela afirma, ainda, que o número de partos hoje realizados em Viamão é bem inferior aos de Alvorada, o que acrescentaria cerca de um parto ao dia para o hospital. “Ainda assim é muito ruim uma cidade não ter maternidade. Esperamos que essa situação não se confirme”, diz a diretora, lembrando que o hospital da cidade vizinha é especializado em atendimento de traumatologia e neurologia, para onde são encaminhados muitos dos casos que chegam a Alvorada.

Fonte: O Alvoradense