Que não seja imortal, posto que é chama; mas que seja infinito enquanto dure.” Os versos de Vinicius de Moraes não saíram da cabeça desta repórter durante toda a entrevista com o casal que oficializou a união no 2º Casamento Solidário de Alvorada. Jorge Antônio Morais de Albuquerque, de 50 anos, e Fabiana da Rosa Bertolla, de 34 anos, têm uma história de amor que poderia virar filme. No total são onze anos de união, algumas discussões com a família e um amor que, hoje, é admirado por todos à sua volta.
O casal, que se conheceu quando seus irmãos se casaram, levou tempo até começar o namoro. Janete, mãe de Fabiana, lembra que quando se conheceram a filha não queria nem olhar pro atual noivo. “Ela tinha horror do Jorge”, ri. Fabiana era uma menina na época, tinha por volta de 12 anos. Foi somente aos 17, com a morte do pai, que a relação dela e do agora marido começou a engrenar.
Quando perdeu o pai, Fabiana, que tem duas lesões cerebrais sérias, ficou inconsolável. O trauma foi tão forte pra ela que nem a mãe, nem as duas irmãs conseguiam acalmá-la. Nessa época foi Jorge quem a ajudou a superar a perda. Era ele quem a consolava e cuidava dela, e foi justamente nessa época que começou a crescer o afeto dos dois.
Já são onze anos de uma união que foi oficializada na tarde de sábado, dia 19, durante o casamento comunitário em plena praça. O evento, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, oficia-lizou a união de 27 casais durante as atividades do 2º Dia da Solidariedade de Alvorada. A realização do casamento é uma parceria entre a Prefeitura Municipal e o Cartório de Registros de Alvorada e foi oficializada pelo juiz Jorge Ubirajara Nunes dos Santos.
A mãe de Fabiana se lembra de o tudo que eles enfrentaram para conseguir realizar o sonho de casar. Foram dias correndo atrás de documentos e testemunhas para que o casamento pudesse ser realizado na tarde do dia 19 de maio.
Janete se emociona ao mencionar as limitações da filha e a forma como ela obteve melhoras quando se apaixonou por Jorge. “Eles cresceram juntos, dentro das limitações de cada um. Eles se completam e se ajudam”, acredita.
Nem todas as limitações impediram que, na tarde de sábado, Jorge e Fabiana, que agora passa a se chamar Fabiana da Rosa Bertolla de Albuquerque, fossem os primeiros a subir ao altar montado na Praça Central.Hoje, ao lembrarem de tudo o que passaram para poderem ficar juntos, ambos riem. Se divertem com as correrias que enfrentaram para garantir as testemunhas necessárias para o casamento. Mas os preconceitos sentidos dentro da própria família ainda magoam. Jorge se emociona ao lembrar o período em que ficou afastado de Fabiana por insistência da mãe dele, que era contra a união.
Jorge e Fabiana dividiram o altar com outros 26 casais e eram só sorrisos quando receberam a certidão de casamento das mãos do juiz. A emoção foi tanta que por pouco Jorge não se esqueceu do beijo em sua esposa. Passadas as emoções do grande dia, agora o casal vai viver a tão merecida lua de mel.
Fonte: Amanda Fernandes / O Alvoradense