Você já ouviu falar em pensamento dicotômico? Em resumo, a dicotomia faz com que a pessoa só enxergue duas possibilidades de forma bem extremada, o que é muito ruim, pois indivíduos assim enxergam o mundo sem cor, sem diversidade e sem vida, não percebem que existem inúmeras possibilidades, possuem a mente fechada e ignoram tudo aquilo que desconhecem. Desde o início da pandemia dá pra perceber o comportamento polarizado da sociedade, enquanto uns negavam a existência do vírus, e ainda negam por incrível que pareça, outros se consumiam no medo fazendo estoque de produtos de higiene.
Ultimamente tenho visto muitas pessoas negando a eficácia da vacina devido ao aumento do número de contaminados, é claro que estas pessoas não entendem de metodologia científica e de como são realizados os estudos, mas há algo mais profundo por trás disso, o pensamento dicotômico. Não conseguem admitir duas ideias ao mesmo tempo, de que a vacina diminui significativamente os riscos de transmissão e de gravidade da doença, mas que não impede a contaminação, chegam ao ponto de torcerem para que crianças fiquem doentes só para poder dizer que estavam certos e continuarem agarrados a sua ideologia, como se fosse um time de futebol em que você torce até o fim.
Precisamos aprender a lidar com a realidade, fatos, dados estatísticos e estudos científicos para encontrar a saída desta situação. Sem negacionismo, sem pessimismo e sem paixões ideológicas. Só a realidade. E lembrem-se, a vacinação é estratégia coletiva e precisa da participação de toda a população.
Juliana Girardi é estudante de biomedicina na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e embaixadora do Projeto da Saúde Planetária da Universidade de São Paulo (USP)
Natural de Porto Alegre, a jovem é moradora do Porto Verde.