Hospital de Alvorada atende apenas urgências e emergências

Funcionários demitidos mantém manifestação em frente ao prédio

Foto: Sindisaúde RS / Divulgação / OS

Com o fim do contrato do Governo do Estado com a Fundação Universitária de Cardiologia (FUC) em 31 de março, domingo, após 25 anos administrando o local, todos os funcionários do Hospital de Alvorada foram desligados de suas funções a partir da 0h desta segunda-feira (01), quando os serviços de saúde foram assumidos pela Associação Beneficente João Paulo II, do Recife, que deu entrada no hospital com equipe própria. Segundo os antigos trabalhadores, houve falta de novos profissionais para passar o plantão.

De acordo com o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, nesta segunda-feira havia apenas um enfermeiro e seis técnicos para realizar os atendimentos. ”Ou seja, a nova gestão assumiu de forma precária. Casos leves, considerados verde e azul, não estão sendo atendidos. Apenas aqueles com alerta laranja e vermelho”, disse.

Quanto aos funcionários desligados, ainda não sabem quando vão receber o pagamento de verbas rescisórias. Lembrando que os funcionários que participaram da seleção da Associação Beneficente João Paulo II, só poderão ser admitidos pela nova gestão após a rescisão contratual pela FUC.

Também estiveram no local equipes do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RS), Sindicato dos Médicos do RS (Simers) e da Secretaria Estadual da Saúde para avaliar o atendimento dos pacientes e as condições de trabalho dos profissionais .

Secretaria Estadual da Saúde

Em entrevista a uma rádio da Capital realizada nesta segunda-feira, a secretária da Saúde do Estado, Arita Bergmann, garantiu que o hospital está com equipe completa para atendimento ao público. Ela afirmou que o combinado era que a nova gestão assumisse às 7h desta segunda-feira, na troca de plantão. Contudo, a partir da meia-noite os trabalhadores da FUC começaram a sair, obrigando a Associação Beneficente João Paulo II a assumir os plantões antes do programado, o que causou o transtorno.

Rescisão

Ainda sobre a demissão dos funcionários, no entendimento do sindicato o Estado é corresponsável pelo pagamento das rescisórias, caso a instituição não possua condição de aportar os valores.

A Fundação Universitária de Cardiologia afirma não ter recursos para pagar as rescisões dos funcionários da instituição.

Uma nova Mediação entre sindicatos, Governo do Estado e Fundação está prevista para quinta-feira (04) no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4).

Simers

O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) protocolou em 28 de março ação coletiva junto à Vara do Trabalho de Alvorada e contra o Governo do Estado, para que a Justiça suspendesse a transição da gestão do Hospital. “Queremos evitar que os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Metropolitana sofram ainda mais prejuízos com o descaso dos gestores e assegurar que os trabalhadores tenham os seus direitos respeitados”, afirmou na época o diretor-geral do Simers, Fernando Uberti.

O Simers foi uma das entidades que participou de audiência de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT 4), em 26 de março, para tentar reverter a crise vivenciada nos hospitais que ainda eram geridos pelo Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), que se encontra em recuperação judicial.

“Quando o Estado diz que as empresas contratadas apresentam condições de assunção das atividades é
absolutamente temerária e inverídica”, ressalta Fernando, se referindo ao documento enviado pelo governo gaúcho justificando a continuidade do processo de transição.

O diretor do Simers se refere a uma decisão do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás, no final do ano passado, que ordenou que a Prefeitura de Anápolis interrompesse os repasses financeiros à Associação Beneficente João Paulo II, encarregada pela administração do Hospital Alfredo Abrahão e que assumiu o Hospital de Alvorada.