A arte de se fazer arte em Alvorada

Apesar das dificuldades de viver de arte Eduardo não descarta a importância dos artistas para uma cidade | Foto: Amanda Fernandes / OA

Ele iniciou sua carreira como palhaço em 1990, é ator, mágico, produtor, diretor e roteirista. É, como ele mesmo se define, um artista e gestor cultural. Uma das figuras mais respeitadas no meio artístico gaúcho é alvoradense. Filho de um operador de máquinas e uma dona de casa, Eduardo Toledo descobriu muito cedo que a arte era seu caminho. Há mais de 20 anos ele passou a aprender, se dedicar e a disseminar a arte pelos bairros de Alvorada e pelas cidades onde ele passa.

A busca por incentivos o afastou de Alvorada por um tempo. A falta de incentivos à produção cultural na cidade o fez buscar espaço e profissionalização na Capital. “Pra colocar meu trabalho em prática em preciso aprender outras coisas”, afirma.

De acordo com Eduardo, a inexistência de um fundo de cultura e de políticas públicas voltadas à produção cultural da cidade colocam muitos artistas alvoradenses no anonimato. Existem muitos talentos na cidade que acabam ficando escondidos pelas periferias. Parte desses jovens talentos ele descobre em suas visitas aos bairros onde, com o projeto Palhaço na Periferia, ele percorre a cidade levando arte, alegria e cultura aos moradores que não teriam acesso aos teatros e casas de espetáculos de Porto Alegre. Nessas visitas, ele acaba descobrindo que muita gente também produz arte, mas acaba não se profissionalizando na produção cultural por falta de incentivos e oportunidades.

Dentro da cidade, ele é o responsável por dois grandes eventos que ficarão marcados na história de Alvorada. Um deles é a comemoração do Dia do Teatro, que em março de 2007 mobilizou os artistas da cidade em uma caminhada pelas calçadas do Centro e à noite colocou mais de 400 pessoas na Câmara Municipal. Através de seu trabalho, que mescla teatro e circo, ele defende que a mudança de uma região em muito tem a ver com a forma como ela se comporta em relação à sua produção cultural. Para ele, “o negro, o morador de periferia não precisam aprender a tocar tambor, ele precisa ter contato e aprender violino, piano”, e cita exemplos de jovens que através de projetos incentivadores da cultura na cidade estão em universidades aprendendo música erudita.
Através de sua atuação e da ONG Movimentação, que ajuda os artistas na construção dos projetos, eles acabam descobrindo e auxiliando o trabalho de muita gente e disseminando a arte em todas as camadas da sociedade alvoradense. Desde 1998 parte desses talentos que ele acaba descobrindo por Alvorada e a região metropolitana se juntaram a ele na formação do Grupo de Teatro Circo Tabarin, que percorre o Brasil e algumas cidades da América Latina em festivais.

Mágicas, teatro, dança, carnaval, literatura, poesia. Eduardo Toledo já se envolveu em todas as áreas da cultura da cidade, já contribuiu muito para o crescimento da produção cultural em Alvorada, mas ainda há muito a fazer. Projetos trazendo de volta a Alvorada seus espetáculos e saraus estão nos planos para os próximos meses. No momento ele está em cartaz na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, com o monólogo “O último personagem – um exercício dramático”. Escrita e protagonizada por ele, a peça é um desafio para ele e o Grupo Tabarin, que, depois de anos se dedicando à comédia e ao entretenimento infanto-juvenil, produziram uma peça para tratar de um dos períodos mais conturbados da história brasileira. A trama tem início, aproximadamente em 1968, quando um jovem é detido e levado aos porões da ditadura militar depois de manifestar contra o sistema. Depois que as comédias “O mágico que saiu do armário” e “Procura-se uma mona que não sofra de estrelismo” percorreram o Estado, Eduardo pretende levar o primeiro drama de sua companhia aos circuitos nacionais de teatro e percorrer, mais uma vez, o país.

Ator, diretor de teatro, escritor, bonequeiro, mágico e produtor de eventos, Eduardo Toledo está sempre inventando um teatro e uma arte.

 

Fonte: Amanda Fernandes / O Alvoradense