Lembro que trabalhava na Escola Paulo Freire e era professor de geografia no noturno, no ano de 2005 ou 2006. Naquele ano fui colega de trabalho da Verena Perotto que rapidamente ocupou a secretaria da escola, uma pessoa sensacional que, após alguns meses, me contou sobre suas experiências enquanto presidenta do Sima e, principalmente, como vereadora e Secretária de governo. Hoje está aposentada. O que não lembro, com exatidão, foi o por que cargas d’água eu e o grupo de professores e funcionários fomos parar na Câmara de Vereadores. Provavelmente esteve em pauta alguma votação de projeto relevante para a educação na cidade.

A sessão começa com a leitura da Bíblia e, a seguir, a fala de diversos ex-colegas, seguida pela entrega de homenagem ao “eterno vereador”, com direito a entrega de placa e tudo o mais ao senhor Ari Genésio Pinheiro. Ele tinha sido vereador na sétima legislatura, pelo PMDB; nas oitava e nona legislaturas, pelo PTB, cuja  duração tivera sido entre 1 de janeiro de 1989 até 31 de dezembro de 2004. No ano 2000 foi Presidente da Câmara. Sem sombra de dúvidas, uma sobrevivência política impressionante.

O que me chamou atenção foi o discurso do ex-vereador e sua incrível memória, sempre acionando as boas lembranças. Uma delas, e que na época me deixou chocado, tem a ver com as famosas pescarias. Através delas os amigos se reuniam e, então, decidiam quais seriam as próximas pautas das sessões ordinárias. Além disso, decidiam quais seriam os votos, contra ou a favor, de determinados projetos.

A fala do “eterno vereador” forneceu duas pistas importantes sobre a vida política alvoradense: a primeira delas é a de que por aqui se faz política tradicional, nos mesmos moldes da que se faz no nordeste brasileiro. A segunda, talvez muito mais importante, é a de que as principais decisões acontecem nos bastidores. Disso decorre que o que acontece nas sessões da Câmara são, essencialmente, encenações.

O mesmo padrão se repete quando vemos, ao abrir o site do Alvoradense, uma foto da “zelite” política decidindo quem é que vai ser candidato e quem será vice. Pouco importa o que foi deliberado na convenção. A militância é paga, ela que “engula a seco” e vá para onde vão os cargos; o importante é que isso se resolveu diante de uma bela refeição, em um restaurante, com muita descontração. É de se pensar: como é que pode uma cidade possuir a necessidade de efetiva modernização mas, na vida política, ainda apresentar tanta resistência? Infelizmente existe uma cultura política avessa a modernização mas, principalmente, elites políticas que ainda estão aquém das necessidades da cidade. Isso leva a cidade a inúmeras perdas. Uma pena.

Enquanto que, na vida política, as eleições são feitas na base da intuição e da repetição dos discursos de mudança, inovação, etc., na educação não é muito diferente. A ideia de gestão democrática, por exemplo, em muitos momentos parece ter se reduzido a eleições, sendo que os cargos são muito mais loteados pela vereança e Executivo municipal, efetivo “dono”, segundo a atual lei, do que qualquer outra coisa. E mais: nas escolas, se professores contestarem demais as equipes diretivas, acaba-se levando um belo processo administrativo – é verdade que esse procedimento dificilmente leva à exoneração, mas ele pode fazer colegas perderem tempo e passar por incomodações mil. É pela reprodução das mazelas eleitorais que a gestão escolar se torna autoritária. Portanto, não basta a “mudança”, no sentido de que ela signifique mera dança das cadeiras, é preciso certo tipo de atitude. Sempre fui defensor do método eleitoral, mas tenho algumas dúvidas…

Não é por acaso que o magistério é tão resistente, por exemplo, a presença de pesquisadores nas escolas. E se for para observação em sala de aula, pior ainda. O fato é que Alvorada ainda vivencia uma luta entre o arcaico e o tradicional, tanto na política quanto na educação. É verdade que poderia ser muito pior. Sabemos que, quando se trata de cultura, as mudanças são bastante lentas. Por isso, deixo abaixo o trailer do documentário chamado Porta a Porta: a política em dois tempos, dirigido por Marcelo Brennand. Filmado durante as eleições municipais de 2008 em Gravatá, cidade do interior de Pernambuco, mostra um cenário cujas campanhas empregam cerca de 10% da população local. A cidade tem dependência extremada da prefeitura e, no processo eleitoral, ocorre a polarização em dois grupos. Na prática, os conteúdos das campanhas refletem muito mais o cenário nacional do que o local. Não é a cara da Bruzundanga?

Em tempo (1): Edison Sehna está cursando MBA em gestão pública e realiza pesquisa na cidade, com os objetivos de mapear o eleitorado alvoradense, identificar suas demandas e mensurar a participação político-partidária. Tão logo o trabalho esteja concluído, ofereceu apresentar alguns dos resultados. A forma de coleta de dados é através de questionário on-line, e seu preenchimento não leva cinco minutos. Participe.

Em tempo (2): Começaram as inscrições para o vestibular de uma das principais Universidades do estado (na minha opinião é a melhor), a UFRGS. Também já está valendo o edital de gratuidade da inscrição. Estudantes e pessoal, aproveitem. Vale a pena.

Em tempo (3): em assembleia no Sima foi decida paralisação geral na terça próxima, dia 16 de agosto, devido ao não pagamento da trimestralidade (assegurada pelo TJ-RS) e também por conta do projeto de emenda constitucional 241/16. Este é um projeto que propõe o novo regime fiscal; além de agressivo, é um verdadeiro golpe de Michel Temer e dos fisiologistas do que há de pior na vida política brasileira: joga a culpa pela crise econômica no colo do servidor público. Não é preciso muito esforço para se dar conta de que o tamanho do serviço público no Brasil, em comparação com outros países, ainda é pequeno. Outro ponto importante, e do que tenho sido insistente por falar sozinho, diz respeito ao risco de parcelamento de salários no município… minha aposta é a de que isso pode ocorrer após as eleições municipais. Já passou da hora de pressionar para que o senhor prefeito e a nobreza façam muito mais cortes de cargos e regalias.

Imagem 1 (1)

Em tempo (4): estava sensacional o lançamento do terceiro livro do Evandro Berlesi, Game Over. O livro está engraçado e continua à venda, com o próprio autor. Sou muito grato por ter sido recebido com muita alegria, cerveja artesanal e, principalmente, por conhecer pessoalmente o povo do Saporra: Anderson Dravasie, Leandro Sagguy, Mauricio Ferreira, Felipe Chagas, entre outros. E para pensarmos na vida política, vão abaixo dois curtas que Evandro produziu recentemente, junto a alunos da Escola Salgado Filho, e que fazem pensar em nossa vida política. O primeiro deles parece filme de terror, é uma história que começa em 16 de agosto, mês do desgosto. É O Ataque dos Candidatos a Vereador. Já o segundo chama-se Eu Prometo, e trata de uma “doença”…um belo sarcasmo.

Em tempo (5), este texto foi escrito pelo colega bruno Lopes Zarzana:  na noite de sábado, 3 de setembro, a Comunidade Escolar da E.E.E.M. Carlos Drummond de Andrade, Alvorada, RS, se reunirá em uma noite super animada, regada a alto astral, boa música, onde os presentes terão a oportunidade de desfrutar de um jantar com cardápio especialmente preparado para a ocasião, além de um ambiente todo pensado para proporcionar um momento marcante com buffet de pratos quentes, saladas livre e galeto.
O local escolhido para o evento é o Salão da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Travessa Sinimbu, 22 – Jardim Alvorada, no valor de R$ 15,00 o convite, onde crianças até 5 anos não pagam, às 20h, para o Jantar Baile de Primavera. As bebidas e sobremesa são à parte, sendo necessário levar talheres.
Com o fim do inverno, a primavera finalmente aparece para encher os ambientes de brilho e calor. Começando a despertar a cor das flores que vão desabrochar. A Estação onde o florir é visível em árvores antes secas, reflete o objetivo de todo trabalho pedagógico de nossa Escola, despertar o desejo do conhecimento e da educação como ferramenta de transformação para os alunos de nossa comunidade, trabalho este que é fruto da colaboração de muitas pessoas em prol do bem, feito com carinho, dedicação e muito profissionalismo.
Reúna os familiares e os amigos e tenha uma noite agradável. Toda arrecadação será revertida para projetos pedagógicos desenvolvidos na Escola.