A sensação de que a violência em Alvorada avança sem controle não é gratuita. Segundo o levantamento realizado pelo jornal O Alvoradense, até esta segunda-feira (6) já foram registrados na cidade 35 homicídios. Se forem considerados apenas os dois primeiros meses do ano, são 29 mortes violentas, o maior índice para o primeiro bimestre dos últimos dez anos.
Como a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul disponibiliza os dados apenas no final do semestre, o levantamento levou em consideração as matérias públicas pelo jornal no período. No dia 14 de fevereiro, tio e sobrinho foram arrancadas de casa, no Jardim Algarve, e executados em locais distintos da zona Norte de Porto Alegre. Apesar dos corpos terem sido largados na Capital, o caso foi incluído como um duplo homicídio em Alvorada na montagem da estatística, já que o crime teve início na cidade e envolveu dois morados do município.
O mês de fevereiro foi o mais violento já registrado em Alvorada. Foram 19 homicídios. Já março mal começou e outras seis vítimas se somaram aos índices, cinco delas neste final de semana.
Na sexta-feira (3) dois homens foram mortos em uma troca de tiros com soldados da Brigada Militar no bairro Jardim Aparecida. Segundo a Polícia, os mortos seriam integrantes da facção Os Bala na Cara.
No domingo (5), duas pessoas foram executadas dentro de casa no bairro Jardim Porto Alegre. Também no domingo José Antônio Ribeiro, de 70 anos, foi encontrado morto com marcas de facadas no tórax no interior de uma casa incendiada na avenida Frederico Dihl. Uma mulher com ferimento de faca no braço esquerdo foi encontrada no local, levada ao Hospital de Alvorada e depois encaminhada à DPPA para depoimento. Com ela foram localizados R$ 700. Ela negou envolvimento no crime e afirmou que passava pelo local quando decidiu entrar para ajudar no combate às chamas e acabou machucada.
Com este final de semana violento, março já possui média de uma morte por dia.
De todas as ocorrências registradas desde janeiro, oito foram duplos homicídios. Na maioria dos casos, as mortes envolveram alto grau de violência, com vítimas amarradas, decapitadas e com rostos desfigurados.
Mapa da violência
O Alvoradense também mapeou os homicídios. A partir das informações disponibilizadas pela Polícia no momento do registro da ocorrência, foi possível apontar um endereço aproximado para cada morte. Apenas uma das 34 ocorrências não possui um endereço de referência.
Apesar dos ícones no mapa abaixo não estarem indicando o local exato de cada morte, é possível dimensionar os bairros e regiões mais violentas. É o caso do Jardim Aparecida, que possui seis ocorrências, quatro delas de duplos homicídios. Se o medo faz morada, o endereço certamente é na rua A. J. Renner, onde seis pessoas foram mortas em três ocorrências distintas, uma a cada mês.
O bairro Intersul também se destaca pelo número de ocorrências. Foram cinco mortes, duas delas em uma mesma ocorrência.
Confira no mapa abaixo:
Fonte: O Alvoradense