Sem dúvidas, Boris Fausto é um dos melhores historiadores brasileiros vivos. Ele publicou livros que são muito importantes para todos que buscam aprovação em provas de acesso ao ensino superior (ou assim considerado). Uma das razões para esse êxito editorial é a formação em direito, já que além de historiador, é um advogado.
Escritor reconhecido, um autor clássico, Boris Fausto começou a sua trajetória acadêmica em História um pouco tarde. Fez pesquisas sobre movimentos operários, sindicalismo, Era Vargas, e também ousou na micro-história e em livros de memórias.
Há questões do ENEM, onde o autor está presente. Como na pergunta abaixo.
Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).
Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, o texto apresenta a seguinte ressalva a sua utilização:
A A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças.
Errada. Embora na primeira república, o café seja o principal produto de exportação (afinal no regime oligárquico havia uma economia agro-exportadora, ainda), a elite paulista fazia alianças para permanecer com poder político. Ora, uma expressão destas alianças era o termo usado para representar este período de nossa História: república do café (SP) com leite (MG).
B As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.
Errada. Havia uma aliança entre os principais partidos políticos de São Paulo e de Minas Gerais, que era renovada nas eleições. Os pleitos envolviam diversos conflitos de interesses, entre diversas forças políticas.
C As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.
Certa. Existia a aliança entre as oligarquias de ambos estados, mas ela tinha instabilidade, até romper na “revolução de 1930”. Nesta época, em todas as regiões do país, aconteciam revoltas populares, greves com ação direta dos anarquistas e com caráter ofensivo (resultando em diversas leis trabalhistas). Ou seja, as disputas políticas extrapolavam a aliança do café com leite e interferiam nela.
D A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
Errada. O Brasil saía do Império, para a República, em um regime político mais descentralizado que no passado. As disputas políticas, estimuladas pela mudança de regime político, tornavam cada vez mais frágeis as alianças entre as oligarquias de SP e de MG.
E A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.
Errada. A economia era voltada para o mercado externo. Então, havia um interesse bastante limitado para a diversificação da produção.
Boris Fasto sempre procurou interpretar a primeira república como uma época em que o fenômeno do coronelismo era fundamental. Mas, por outro lado, era quando os coronéis não dominavam completamente a política do país. Estes oligarcas tinham uma relação de dependência perante os governadores.
Para além disto, na área urbana, novos atores políticos surgiam, a exemplo do movimento operário e sindical e do florianismo. Concluo que vale a pena ler o conciso Boris Fausto, para observarmos como é possível entender nossa História para além das aparências.
Dicas para a aprovação: estudo passivo e ativo
O bom estudo deve passar por momentos passivos e ativos. O estudo passivo acontece quando se recebe informações, por meio de uma aula presencial, digital, ou leitura de um livro, entre outros. Ele é um contato inicial com o conteúdo, mas o aprendizado não deve ficar nisso.
O segundo passo é o estudo ativo, que envolve uma atividade com uso do que aprendeu no momento passivo. Alguns exemplos: responder questões, produzir um resumo, elaborar um mapa mental, explicar o conteúdo para um familiar fazendo que ele entenda, ou realizar uma sabatina consigo mesmo- mas com perguntas concisas.
Em outras palavras, todo livro lido deve ser riscado, com o tema da cada parágrafo por exemplo, ou o momento foi somente de passividade. Alerta: sublinhar e pintar linhas, é muito pouco. Estudar é criar!
Foto: Boris Fausto: historiador conciso, como deve ser
Rafael Freitas é professor de História da Rede de Ensino Mauá, um historiador alvoradense.
Criador de “Lascas da História”, coluna voltada para dicas de estudo para provas de ENEM e vestibulares, com foco na disciplina de História.
Mas uma História entendida como uma ciência, onde cada fato – por mais marcante que seja – é sempre uma lasquinha de algo bem maior.
Contatos: professor.freitas.rafael@gmail.com