Esta terça-feira (8) terá um capitulo especial na História. Milhões de norte-americanos vão às urnas escolher o novo ou a nova presidente do país. Depois de meses de disputa acirrada, troca de acusações, escândalos e investigações, a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump se enfrentam na batalha final pela Casa Branca.

Mas, além da disputa definir quem será o homem ou a mulher mais poderosa do mundo pelos próximos quatro anos, o pleito também é histórico pelo perfil distinto dos dois candidatos e o que a vitória de cada um pode representar para os outros países, entre eles o Brasil.

Durante a campanha, Hillary se referiu indiretamente ao Brasil ao afirmar que “há muito que podemos aprender do sucesso da América Latina em eleger mulheres presidentes”. Além do Brasil, na América Latina têm ou já tiveram chefes de Estado mulheres Argentina, Chile, Panamá e Costa Rica.

Em visita ao Brasil em 2010, quando era secretária de Estado do governo Obama, ela criticou a Venezuela e disse que Caracas deveria olhar para o Brasil como exemplo de um país bem-sucedido.

Trump, por sua vez, citou o Brasil na campanha ao listar países que, segundo ele, tiram vantagem dos Estados Unidos. Mas talvez as propostas dele que mais afetem brasileiros sejam as relacionadas à imigração. Trump defende deportar todos os imigrantes sem documentos. Segundo o governo brasileiro, cerca de 730 mil brasileiros estão nos EUA em situação migratória irregular.

Armamento

Outro ponto que pode servir de influência para a vida dos brasileiros é o debate do desarmamento. Hillary se posiciona favorável à políticas de restrição de acesso à armas, enquanto seu rival é favorável ao porte facilitado para qualquer cidadão norte-americano.

Enquanto isso, no Brasil, um projeto de lei que prevê maior liberdade para que a população possa obter o porte de arma está no Congresso Nacional aguardando votação. Caso Trump saia vitorioso da disputa e implemente tais políticas de armamento, especialistas apontam como muito provável que tal debate ganhe força por aqui também.

Aquecimento global

A redução das emissões de gases poluentes, essencial para o controle da temperatura no mundo, foi o objetivo em destaque da COP-21, principal conferência mundial sobre mudanças climáticas, realizada em 2015. O cumprimento da meta de redução prometida pelos Estados Unidos, o segundo maior poluidor mundial, é essencial e está nas mãos dos próximos presidentes.

Na ocasião, o governo Barack Obama prometeu reduzir emissões entre 26% e 28% até 2025. Para o instituto World Resources, o governo foi considerado o “primeiro a atacar o problema”. Enquanto isso, Donald Trump defende que as mudanças climáticas não são responsabilidade do ser humano. Já Hillary Clinton sinalizou tentar cumprir a meta.

Relações internacionais

A relação com os demais países também deve sofrer forte impacto, principalmente em um cenário de vitória do magnata. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Oklahoma, Alan McPherson, em entrevista à revista Veja, a eleição de Trump poderia prejudicar as relações dos Estados Unidos com os países latinos. “Só consigo imaginar, por exemplo, o quão tensa seria a Cúpula das Américas e que várias visitas de chefes de Estados da América Latina a Washington seriam canceladas”, afirma.

Apesar do Brasil não estar na mira, é tido como certeza por especialistas que há dois problemas a serem enfrentados pelo futuro ocupante da Casa Branca em relação à America Latina: o narcotráfico e a crise venezuelana. E será justamente na resolução deste segundo item que os Estados Unidos esperam posição ativa do governo brasileiro.

“Se a Venezuela falir e entrar em guerra civil, o Brasil é um país que vai sofrer diretamente com isso. E os EUA esperam que o Brasil tenha um papel ativo na questão”, afirma o coordenador do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, Gunther Rudzit. E a eleição de Hillary Clinton pode acentuar ainda mais essa questão, já que a democrata tende a ser mais assertiva e dura quando se trata de política externa.

Fonte: O Alvoradense