As recentes manifestações nos Estados Unidos ocorridas por conta da revolta com o assassinato de George Floyd demonstram que a história, como alarmam os próprios historiadores, volta a se repetir. Nos anos 90 aconteceram outros protestos tão desmedidos e tumultuosos quanto os atuais e com o mesmo motivo: a morte de um homem negro inteiramente desmotivada pelas mãos de policiais. Com esse pano de fundo, não foi diferente do que se assiste hoje, revoltas que tomam caminhos destruidores.

É interessante pensar como isso se reflete na cultura de um país. Naquele momento, pouco tempo depois, houve o ápice do Rap americano com Snoop Dogg, N.W.A. E Tupac, baseado fortemente na cultura da rua e tudo que vivenciavam: tráfico de drogas, violência e preconceito. Como sempre acontece, parte disso respingou no Brasil, que pela sua história de preconceito tão enraizada quanto à americana, aderiu a todos esses movimentos, incorporando o Rap que critica a sociedade e escancara o preconceito e a desigualdade.

Em conformidade com tudo isso, o cinema e a televisão não poderiam deixar de lado essas questões sociais. Para entender mais claramente o contexto dessa época, tão importante para compreender o porquê do racismo no século 21, a série “Olhos que Condenam”, disponível na Netflix, conta uma história de injustiça e extremo preconceito contra jovens negros, acusados de cometer um crime terrível simplesmente por sua cor da pele nos anos 90. Para quem quer entender de verdade os motivos de haver tanto protesto e indignação, não fica mais bem exemplificado que isso.