“Compreender um poema quer dizer, em primeiro lugar, ouvi-lo. Ler um poema é ouvi-lo com os olhos; é vê-lo com os ouvidos. O poema deve provocar o leitor: obrigar o leitor a ouvir – a ouvir-se.”
Octavio Paz
Depois daquele céu
Para a poeta das sutilezas – Joelma Bittencourt
Pedras, estrelas, rios, sequoias
esculpem o espanto
Nada toca nada
suas mãos estão vazias
Ouço a música entre um pássaro e o inseto
fluídos dodecaedros
descomposições desoladoras extraviadas
Tudo que sabemos é insuficiente, ínfimo
somos contraditórios, indeterminados
Forjamos os desejos:
atravessarmos o portal
do templo de Apolo
Inacabado em Náxos
Navegarmos nas águas translúcidas
do mar de Andaman
Antes do epílogo…
Esqueci o verso de Baudelaire
que iria citar…
Vestígios de hieróglifos estão
reverberando agora
Depois daquele céu
Onde palavras inexistentes alucinam poemas.
José Couto
Interpretação do poema “Depois daquele céu”, pela poeta Joelma Bittencourt: